segunda-feira, agosto 15, 2011

 

Um ideal na juventude é uma promessa de ser mais humano na vida adulta.

Acredito neste movimento católico de jovens que os leva até Madrid para ver o Papa. Também nos anos 60 fui galvanizado por um entusiasmo idêntico. Foi a ideia de um “Mundo Melhor” que me transportou da utopia da fraternidade à da justiça social e desta á vontade de transformar o mundo; do Sermão da Montanha ao manifesto de Marx. Como me tornaram mais humano os contactos que tive com Felicidade Alves, Padre Alberto e os encontros na Capela do Rato. Lembro-me do Grande Encontro, do trabalho com jovens e das horas que me prenderam à leitura de Frei Betto ou Leonardo Boff. A eles lhe devo a convicção de que o pobre não é um objecto de caridade, mas de libertação. Também devo muito a Teilhard Chardin que me ensinou a perceber, sobretudo com o seu trabalho “O meio Divino”, que não há incompatibilidade entre a ciência e a religião. Aprendi na “Confronto” que o diálogo entre católicos e marxistas era urgente. E foi no personalismo e no existencialismo cristão, sobretudo com Gabriel Marcel, que percebi a inquietude que caracteriza o carácter problemático do Homem. Senti depois que não tinha respostas para muitos problemas e passei a procurar outras fontes de reflexão no existencialismo de Sartre e o marxismo. Hoje regresso às ideias de origem. Estou a ler Santo Agostinho e impressiona-me o que dele escreve Hanna Arendt, na sua tese de doutoramento “O conceito de amor em Santo Agostinho”. Sou um desiludido, mas o meu agnosticismo cada vez desconfia mais da sua incredibilidade.

Viver com o nariz no prato ou como um naufrago integre aos seus próprios recursos não é viver. Precisamos de caminhar com os outros, orientados por uma luz de esperança num mundo melhor. Aliás, não é esse propósito que entusiasma os jovens que partiram para Madrid?


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