domingo, agosto 14, 2011

 

Um discurso dormente e sem palmas.

Ouvi o discurso no Pontal de Passos Coelho. Foi longo e dormente. Utilizou uma narrativa que partiu de dois pressupostos para tirar uma conclusão: o governo está bem-intencionado e sabe o que deve fazer; não há outra alternativa senão a que o Governo está a seguir. Logo, terá de haver compreensão por parte dos sindicatos, partidos da oposição e patronato.


Mas a realidade é muito mais complexa e não basta construir uma retórica que vise melhorar o estado de espírito dos cidadãos.

Passos Coelho não pode julgar que os cidadãos aceitem que as suas medidas correspondem a uma inevitabilidade. Há sempre outras alternativas e o ponto de vista seguido por este governo tem só penalizado os mais pobres. As soluções para o País não têm uma via única e é do diálogo, da capacidade para aceitar erros e corrigi-los, que é possível construir um bom-governo e este só pode ser o que diminui o sofrimento dos que mais sofrem.

Todos os dias são pedidos sacrifícios aos cidadãos e Passos Coelho, contrariamente ao que tentou fazer crer, não deu um exemplo dos sacrifícios do Estado. Não interessa a propaganda de denunciar o despesismo dos governantes socráticos ou de viajar em classe normal, se não há uma palavra sobre o esbanjamento da Madeira.

O discurso não galvanizou o auditório nem galvanizará os cidadãos. Este é o governo do “vamos fazer” e não fazem o que prometeram.

Parece que estamos a ser governados por uma tesoura e uma máquina de calcular que, num liberalismo à peça, caminha de retalho em retalho até ao esvaziamento total das responsabilidades do Estado. Talvez, por isso, as palmas não surgiram.

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