quarta-feira, junho 08, 2011

 

Assis, uma fotocópia desbotada de Sócrates.

Francisco Assis deverá ser um dos candidatos à liderança do PS. E é possível que ganhe as directas. Já é mais difícil que venha a ser Primeiro-Ministro. Esteve sempre muito colado a Sócrates, como estaria a outro que liderasse o PS. Se no PS a escolha fosse feita por mérito e racionalmente, nunca Assis seria escolhido. Mas quem escolhe no PS é a máquina aparelhista e, tal como Sócrates, Assis, domina-a perfeitamente. Para quem o conhece, Assis é um daqueles políticos que “usa e deita fora”. Interiorizou uma matriz retórica que aplica implacavelmente em estilo de “picareta falante” .

Os comentadores de serviço vão fazer muitos elogios a Assis, vão até descortinar que é “intelectualmente superior”. E a sua prática vai sendo esquecida.


Em 9 de Maio de 2004, no JN, publiquei um texto que, hoje, está actual e passo a transcrever:

“Francisco Assis, nas últimas eleições autárquicas, apresentou-se como cabeça de lista à Assembleia Municipal do Marco pelo PS. Muitos não acreditaram que esse gesto fosse apenas um “número de espectáculo” para conquistar votos (como alguns já faziam crer), mas uma marca de um novo modo de estar na política, servir a causa da democracia e os ideais socialistas. Foram, por isso, criadas naturais expectativas que se apoiavam no suposto de que o líder distrital do PS pudesse dar uma outra visibilidade aos problemas de prepotência, caciquismo e má gestão de que era publicamente acusado Ferreira Torres. Rapidamente, estas expectativas foram frustradas: por acumulação de faltas, o deputado e líder do PS foi obrigado a renunciar ao mandato. A justificação avançada pela Federação do PS é digna de ficar registada numa antologia da especialidade: a presença de Assis na Assembleia Municipal do Marco era susceptível de “limitar e inibir a participação” dos restantes membros do seu partido na assembleia.


Foi, agora, tornado público que Francisco Assis tinha aceitado o cargo honorífico (segundo o mesmo) de presidente da assembleia-geral da Edinorte, empresa ligada a um dos empreiteiros do regime de Ferreira Torres que é compadre de Major Valentim Loureiro.

Uma questão se colocará, entretanto: será que os interesses da luta contra a prepotência, o caciquismo e a falta de transparência da gestão de Ferreira Torres não nobilitavam tanto o deputado e líder distrital do PS, como ser presidente da assembleia-geral da polémica empresa Edinorte?!...


Tal como um rolo compressor, vai-se se impondo a ideia de um centrão político, onde se aplica o slogan “todos iguais e todos diferentes”. Se o PS quer marcar a diferença tem de promover reformas que evitem que, no seu interior, o sucesso se faça por jactos de verborreia incoerentes, mas pela competência, coerência e rigor. De contrário, não faltarão razões para seguir a lucidez do “voto em branco” de que nos fala Saramago no último livro».

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