segunda-feira, maio 16, 2011

 

A casa da democracia não pode ser um bordel.

Quando me cruzo com conhecidos, um desabafo abre a conversa: «estamos tramados!» Continuando a conversa, vem de supetão: «são todos iguais, prefiro Sócrates aos outros».



Este raciocínio deixa-me estarrecido. Muita gente não tira conclusões do que manifesta como óbvio. E não adianta responder-lhes que, em política, os erros têm de ser pagos, que Sócrates, pelo seu percurso, tem todos os defeitos que abominamos, que vive do embuste e da propaganda, que é mais liberal que todos os liberais conhecidos, que não há democracia sem homens honestos ou que não há maior falta de dignidade cívica do que premiar quem nos desgoverna. Nada disto adianta. E olham para a dívida pública (duplicada por Sócrates) como se fosse um fatalismo da história.

Como poderemos defender a democracia, se desprezamos o que deveria constituir a sua substância, se nos falta o apego à honra e à dignidade de «ser democrata?»


Já tinha percebido que muitos cidadãos pensam a política como pensam as suas crenças religiosas ou a sua devoção futebolista. Mas nunca pensei que a “democracia” fosse vivida com o espírito de um bordel!

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