quarta-feira, dezembro 29, 2010

 

A propósito da Homofobia

Kant dizia que o HOMEM é o fim de todas as coisas.


O significado desta expressão tem sido bandeira de revolucionários, de humanistas e de religiosos que recusam que o HOMEM seja tratado como um meio.


Na tradição bíblica O HOMEM é princípio e fim de todas as coisas, porque foi feito à imagem de Deus.


Para o Filósofo, ser fim de todas as coisas, significa que o mundo só o é, quando existe numa consciência. Só o Homem, pela consciência, torna a realidade material e imaterial, os seus estados mentais e afectivos existentes.

Sem consciência nada tende para a existência. Consciência e finalidade são a mesma coisa.


Mas se o homem é consciência de si e do mundo, o que há de mais importante no HOMEM é a sua IDENTIDADE. A identidade e a personalidade são a mesma coisa. Sou aquilo que sou.


Vive-se na recordação e pela recordação compreendemos que a memória faz com que na continuidade sejamos os mesmos.


Pedir a um homem que seja diferente do que é, é pedir-lhe que se faça outro, é pedir-lhe que deixe de existir (saia do mundo).


O homem também é os seus valores: há valores do afecto e há valores da razão.


Os valores do afecto prendem-se com o desejo do bem de outrem.


A religião apela a esses valores, quando nos diz «é preciso amar a Deus e ao próximo como a nós mesmos».


O egoísmo não tem aqui sentido, a não ser que o diluamos no princípio da igualdade: tratar os outros como gostamos de ser tratados.


Estes valores suplantam os valores da razão. Nada têm a ver com o objectivável, o avaliar o mundo e as coisas. Posso, a nível da razão, desprestigiar uma coisa, mas a nível do afecto dar-lhe um sentido enorme (foi-me oferecido pela minha mãe e isso tem todo o valor para mim).


Para os valores afectivos não valem razões. As razões nada mais são do que razões, nem sequer se pode dizer que sejam verdades. Por isso, precisamos de dialogar para encontrar as melhores razões que se tornem denominadores comuns e nos aproximem da verdade.

É destas considerações que se gera o HUMANIMO: respeitar o HOMEM no que ele é, no seu direito a ser o que é, a não se destruir para ser outra coisa ou ser o que queremos que ele seja.

Ficaria triste se tivesse um filho homossexual, mas respeitaria o ter-se reencontrado com aquilo que fazia a sua personalidade, o tornava no que é.

A homofobia é um preconceito insidioso, discriminatório, desumanizante e semelhante á xenofobia e ao racismo.


Os psicólogos dizem que é uma forma de diabolizar algo em nós escondido. Talvez fossem essas as razões de Hitler para perseguir os homossexuais.


Detesto as considerações homofóbicas como detesto o nazismo. Elas também recusam que o homem tenha o direito a ser o que é, a existir: ou é outra coisa ou é exterminado.


Bem podemos aproveitar o Dia dos Reis para celebrar os valores do afecto. Visitar um amigo (Jesus, recém-nascido, recebe a visita dos Reis Magos) não é apenas um acto de cordialidade, mas um valor do afecto, diz respeito à amizade, ao bem que se quer para o outro (que se visita).


Um bom Dia de Reis para todos.


Digamos NÃO à homofobia, ao racismo e o nazismo.

Comments:
Belo texto! E com um delicioso toque místico...
 
Obrigado, amigo.
 
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