segunda-feira, novembro 01, 2010

 

Dilma e Fernando Nobre, uma mesma utopia.

Foi Santo Agostinho (A Cidade de Deus) -- que influenciou todas as críticas ao regime feudal. Inspirado na ideia de uma harmonia entre a Cidade dos Homens e a Cidade de Deus criou a concepção de Estado Perfeito. É certo que Platão e Aristóteles já se tinham preocupado com o tema do “bom-governo”. Mas é a utopia de Santo Agostinho que está na origem de todas as grandes utopias, como a de Thomas More e até de Karl Marx.

O Estado Perfeito tem como princípio e fim de todas as coisas uma vida humana solidária, digna e feliz. As terríveis crises da época moderna, com guerras sangrentas, levaram a que surgissem utopias mais modestas. Começou a pensar-se, com excepção de Maquiavel, já não no Estado Perfeito, mas no Estado Justo e, a partir daí, o “bom-governo” deveria saber harmonizar a Democracia com uma vida solidária e humana, o Direito com a Justiça. E o “bom-governo” passou a ser o que diminuia o sofrimento dos que mais sofriam. Não separava a economia da sociologia, a política do mundo da vida, a ecologia do desenvolvimento.

Nos nossos dias, o pragmatismo promoveu uma ruptura com as concepções anteriores. Veio dos Estados Unidos da América e, rapidamente, se estendeu ao mundo global, seguida por banqueiros, administradores das sociedades anónimas e políticos. O que importa, agora, é o sentido prático do governo para lucros imediatos. Deu ênfase a um individualismo exacerbado e a políticas económicas de crescimento, separadas da sociologia e da ecologia. Do pragmatismo emergiram as preocupações do marketing político, (uma técnica de colocar cenouras à frente dos eleitores para condicionar o seu voto). A política separou-se, então, do mundo da vida e surgiram os politólogos, uma espécie de mercenários da política que vendem o seu trabalho, como um jogador de xadrez vende vitórias, indiferentes às consequências sobre a vida das pessoas.
DILMA, a primeira mulher presidente do Brasil, recupera o estilo das grandes utopias que aprendeu com LULA: “Menos miséria e mais democracia no Brasil”. É esta utopia que espero de Fernando Nobre. Mas a sua candidatura tem-se enredado em problemas desconfortantes que não auguram bom resultado. E tenho muita pena, muita pena, que assim seja.

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