quinta-feira, julho 22, 2010

 

Um marco na história do Porto.

Sobre a apresentação do livro “Confronto - uma cooperativa cultural”, escrevi para o semanário “Grande Porto” o seguinte texto:

Um marco na história do Porto.

Foi pequeno o Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett para acolher, na passada segunda-feira, todos os que quiseram revisitar a memória dos acontecimentos que tornaram, na década de 60, a Cooperativa Cultural Confronto numa escola do exercício da cidadania.

Tratava-se da apresentação do livro de Mário Brochado Coelho “Confronto - memória de uma cooperativa cultural, Porto 1966-1972”, editado pela Afrontamento. (É curioso que esta editora, como sublinhou José Sousa Ribeiro, surgiu dos lucros da venda de um outro livro escrito pelo mesmo autor, “Em defesa de Joaquim Pinto de Andrade” -- padre angolano, ligado à Confronto, irmão de Mário Pinto de Andrade, fundador do MPLA)

A Confronto inspirou-se no apelo das encíclicas de João XXIII, no espírito do Concílio Vaticano II e na Carta a Salazar de D. António Ferreira Gomes e tinha, como instituição similar, a Pragma, em Lisboa.

Estiveram na sua formação, Sá Carneiro (autor dos estatutos), Frei Bento Domingues e seu irmão, Mário Brochado Coelho, António Leite Castro, José Carlos Marques, Artur Santos Silva, o editor Mário Figueirinhas, António Melo, Leal Loureiro e outros.

Rapidamente, se tornou num marco de referência na luta pelas causas dos mais pobres, na defesa da liberdade e da justiça social. A ela aderiram católicos oriundos de meios operários e universitários, e, logo, se lhes juntaram grupos que promoviam a alfabetização, o teatro e a dinamização cultural nos bairros municipais. Associaram-se, em seguida, jovens regressados da guerra colonial, como Pedro Francisco e o saudoso César Oliveira, bem como intelectuais de esquerda desapontados com a linha política do comunismo.

É impossível descrever as inúmeras actividades promovidas pela Confronto. Fizeram-se conferências, promoveram-se debates, organizaram-se cursos, elaboraram-se e difundiram-se manifestos, como o “manifesto dos 118” (exigindo a demissão de Salazar), o “Direito à informação” (denunciando as prisões políticas), etc.

Personalidades de todo o País colaboraram com a Confronto: Arq. Teotónio Pereira, Armando de Castro, Lino Lima, Salgado Zenha, Jorge Sampaio, Mário Soares, etc.

A importância da Confronto na formação cívica e na reflexão sobre a situação do País, foi marcante. Pena é que os responsáveis por esta Cidade não saibam reconhecer o que de melhor tem a sua memória e ninguém da Autarquia tenha aparecido. Não basta citar Sá Carneiro, se nada se fizer para compreender a marca da exemplaridade, os sulcos que cavaram na vida as suas convicções. Hoje, no PSD, tudo isso seriam velharias. Os nossos Yuppies, chefiados por Passos Coelho, são homens do blá… bla´… e obcecados com o poder desprezam o que significa a fome, a miséria, etc.

Bem-haja, Mário Brochado Coelho, por nos trazer, em tempos de profunda crise de valores, o testemunho da Confronto!

Obs: Peço desculpa mas, embora me tenham dito que saía, não foi publicado. Talvez na próxima semana

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