sexta-feira, junho 25, 2010
A política não é uma "guerra"
No semanário Grande Porto vem o texto que escrevi e, agora, transcrevo:
«A política não é uma “guerra”
Esta semana, um enorme buzinão contra a introdução de portagens nas Scut do Norte foi um sinal evidente de que cresce uma revolta entre os cidadãos.
Sócrates tem seguido na política a inversão do princípio de Clausewitz: “a política é uma continuação da guerra”.
Ataca em vez de responder às questões e em vez de diálogo usa o cinismo. Fez guerra aos funcionários públicos, aos professores, aos juízes, a todas as classes sociais e acaba, agora, de se pôr em guerra contra os utilizadores das Scut.
As consequências estão à vista: as sondagens denunciam a queda acentuada do PS e o mal-estar grassa em todos os cidadãos. Sentem-se sufocados pelos impostos directos e indirectos e por não contarem, num regime democrático, para a construção de um país mais justo e mais solidário.
Os portugueses que vivem do seu trabalho, como dizem estudos recentes, desde há três anos que vêem o seu poder de compra diminuir. Acompanhando o desemprego, aumenta, de forma galopante, a pobreza e do lado dos que trabalham há um pavor pelo receio da perda do seu posto de trabalho.
O País está velho e o seu interior vai ficando desertificado pela carência de condições para viver: fecham-se escolas, centros de saúde, postos de polícia, repartições, tudo aquilo que as pessoas precisam para viver em comunidade.
Os cidadãos estão desesperados e já não suportam tantos impostos directos ou indirectos.
Ninguém percebe por que é que hão-de ser sempre os mesmos, os que vivem do seu trabalho, os mais pobres, a pagar uma crise de que não são responsáveis.
Há reformas que não se fazem, porque a liderança partidária do PS e do PSD não quer diminuir os privilégios dos que vivem da política -- os barões e boys que os apoiam. Por isso, continuam os governos civis que nenhum interesse têm, as empresas municipais com empregos de conveniência e dívidas colossais, os institutos que só servem para sorver o dinheiro dos contribuintes, uma frota de automóveis do Estado que não se justifica e um “exército” de assessores que enxameiam os ministérios, as autarquias e outras instituições do Estado, etc.
Em tudo isto há milhões de euros esbanjados e nada se faz para evitar este desperdício.
Não vale a pena meter a cabeça na areia, como faz a avestruz: Rui Rio, Carlos Lage e D. Clemente têm razão no diagnóstico que fazem».