segunda-feira, abril 06, 2009

 

Uma não-notícia

Hoje um Jornal diário noticia que foi dado como concluída uma investigação policial e faz o seguinte balanço: “GNR apreende 280 armas a traficantes e clientes. Agente da Polícia Municipal e médico entre os 30 arguidos em toda a Zona Norte".

Será que esta notícia não é publicidade-enganosa?!...

Se a notícia fosse uma notícia e não constituísse um mero “recado”, saber-se-ia o seguinte: primeiro, os clientes dos armeiros são obrigados a apresentar a licença de uso e porte de armas que lhes foi conferida por não terem tendência para o crime; segundo, o médico não é traficante de armas, mas um prestigiado coleccionador; terceiro, a maioria das armas apreendidas terão de ser devolvidas aos proprietários caçadores, porque estão legais (embora alguns dos seus proprietários não as tivessem em cofres apropriados); quarto, as pessoas arguidas neste processo nada tem a ver com o mundo do crime.

Naturalmente, interessa ao Ministro da Administração Interna esta “notícia”, porque induz os mais desprevenidos a pensar que o combate ao crime está a ser feito com sucesso, mas não é por aqui, diabolizando caçadores e armeiros, que o crime é combatido. Pelo contrário: só a existência de um mercado legal é que nos protege do mercado clandestino.

Porém, quando a decisão do Tribunal for tomada, a notícia não deixará de ter três consequências perversas: o Tribunal será culpado da "montanha ter parido um rato”; a polícia de não saber fazer investigação e o Jornal que publicou a notícia de fazer “fretes” ao Governo que, entretanto, esfrega as mãos, pois já terão decorrido as eleições.

Não esqueçam do que aqui escrevo, quando o Tribunal decidir o caso.

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