terça-feira, dezembro 16, 2008

 

A minha homenagem ao Padre Felicidade Alves

Dez anos se passaram sobre a morte do Padre Felicidade Alves. Conheci-o pessoalmente, ainda como prior de Belém. Lembro-me das suas homilias que eram escutadas com avidez.

Ninguém como ele terá influenciado tanto uma geração que, caminhando por movimentos católicos, foi-se abrindo à intervenção política e cívica, aos movimentos ecuménicos e à necessidade de um bom governo, capaz de diminuir o sofrimento dos que mais sofrem. O seu livro “Católicos e a Política” colocou-nos desafios de consciência, fez-nos romper com uma Igreja comprometida com o fascismo, obrigou-nos a debates constantes na Capela do Rato, meteu-nos nas preocupações de Maio, introduziu-nos na reflexão sobre temas desenvolvidos por Garaudy, Mounier e logo depois Marx, Trotsky e tantos outros. Líamos o “Tempo e o Modo”, queriamos imitar Che Guevara, participamos na distribuição do “Direito à Informação” e tivemos como leitura obrigatória os “Cadernos Necessários”.

Graças ao testemunho de Felicidade Alves não foi nas RGAs (reuniões gerais de alunos) que muitos da minha geração se abriram para a intervenção política e cívica(e isso separou-nos radicalmente dos retóricos), mas na experiência vivida com aqueles que mais sofriam a opressão e a injustiça. Muitos da minha geração quiseram viver no concreto a experiência de operários. Como operário indiferenciado, trabalhei com o Seruya na SEPEL e outros trabalharam noutras empresas.

Felicidade Alves partiu! Onde ele estiver receba o abraço fraterno da nossa saudade. Saudade que também é de um mundo onde a solidariedade, a fraternidade e a esperança alimentavam a força das convicções.

Comments:
Não o conheci, mas ouvi tanto falar dele que pode ser considerado um bandeirante da Igreja Católica num tempo em que todos ajoelhavam ao ditador (menos d. António Ferreira Gomes).
Paz à sua alma.
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?