quinta-feira, dezembro 11, 2008

 
Com a devida vénia, transcrevo do blog "incursões" o seguinte post:

A varapau 2

A unidade, a união sagrada e os seus adeptosO dr Mário Soares resolveu fazer um apelo. Um apelo à unidade. Diz o excelente senhor que numa situação destas (presume-se que se refere à economia, apesar da calma olímpica de vários responsáveis governamentais) não se deve andar em “guerrilhas” políticas. Deve haver unidade. À volta do Governo, presume-se.Parece que o dr Soares entende que a política deve ir para férias por uns tempos. E a democracia provavelmente também. Como se a crise fosse outra coisa que não política. Como se a economia fosse algo que é independente da política.O dr Mário Soares não é como o vinho do porto. Envelhece mal. Então descobriu agora que o apelo à unidade, usado por tudo o que foi regime fascista, é o ideal para combater a crise. Esquece que durante os muitos anos em que andou na oposição, o governo da altura o criticava por ele andar em guerrilhas esquecendo que o país estava a braços com uma, duas ou três guerras na África.O apelo à unidade, feito desta maneira, diz tudo, infelizmente, do pensamento cadaveroso de alguma elite política portuguesa. Claro que o dr. Soares tem uma desculpa. Do outro lado está Manuel Alegre. E ele, Soares, que jura não falar disso, só fala disso, mesmo quando silencia. Não engoliu a derrota eleitoral.Também fez umas declarações curiosas sobre coragem política. Poderia, mesmo tardiamente, atribuir à drª Ferreira Leite a mesma coragem que hoje reconhece numa sua sucessora. Porque Ferreira Leite tinha na altura a mesmíssima razão que a sucessora hoje tem. Mas provavelmente o dr Soares acha que a tempos diferentes (mesmo que próximos) deverão corresponder apreciações diferentes.E tem razão: votei nele duas vezes e fiz mesmo parte do núcleo duro dos seus primeiros e escassos apoiantes. Depois preferi Alegre. E senti-me bem. Muito bem. Mas continuei a ter ternura e respeito pelo “velho senhor”. Custa-me vê-lo a dizer o mesmo que os mais alucinados apoiantes de Salazar. Quando se tem uma biografia há que respeitá-la, como disse um dirigente bolchevique que instado a confessar “crimes anti-partido” num processo de Moscovo para salvar a vida, preferiu não o fazer. Foi condenado e executado. E ainda hoje é recordado. E respeitado.


Postado por d' Oliveira
In: http://incursoes.blogspot.com/


O meu comentário:

Excelente post.

Como referi, no post em baixo, Mário Soares não representa apenas o ex-Presidente da República, mas uma família e isso é que o faz dizer o que diz.

E isso é dramático!... Desaparecem referências de credibilidade e nada fica de firme para suster a revolta.

O que está a acontecer na Grécia pode parecer nada ter a ver com isto, mas tem tudo a ver.

Os políticos, que têm dominado o poder na Europa, saíram duma classe média; isto é, de uma certa burguesia bem-pensante, que foi alimentando, desde há muitos anos, um poder que excluiu, em nome do voto maioritário, as minorias que constituem os traídos da história. Essa minoria é, agora, alargada aos jovens que se sentem desesperados pela crise e não encontram esperança no Futuro.

Estes vêem na classe média os conluiados com o poder dominante, uns “chicos espertos” que ergueram bandeiras de esperança para encherem os seus próprios bolsos. Sentem-se enganados e basta uma faúlha para que os seus ânimos despoletem revolta e vingança.

Sentem que essa classe média é responsável pelo apoio que têm dado a um centrão, da Grécia ou de outras partes da Europa, corrupto, sem sentido de Estado e sem qualquer sensibilidade ao interesse comum.

E é neste contexto que os desesperados se revoltam na Grécia contra tudo o que representa ser o “alimento” desse poder. Culpabilizando a classe média, vingam-se em tudo o são suas referências, incendiando bancos, destruindo lojas, carros, etc,. É como se estivessem a combater o poder e quem o poder tem servido.

Aqui, em Portugal, vai acontecer o mesmo.

Sempre que as sondagens favorecem Sócrates (que considero o governante mais medíocre e petulante de todos os tempos), penso nos jovens que na Grécia estão a destruir tudo o que lhes aparece no caminho. Eles revoltam-se contra a classe social que dá vitórias a uns sócrates que lhes nega o direito à verdade, à esperança credível, ao sentido da vida e da história.

Não se deixam enganar pela retórica propagandística, porque vivem factos: tiram cursos que não servem para nada, não têm emprego, o poder enreda-se na corrupção, os partidos não têm qualquer credibilidade, os políticos são uma espécie de proxenetas que vivem do trabalho dos outros e o futuro não lhes dá qualquer esperança. Nesta circunstância, só revolta anárquica lhes parece legitima!

Não tardará que esta onda vá, entre nós, rebentar, e de nada serve falar da lei ou da ordem para meter a cabeça na areia!

Comments:
Aqueles que destruíram e ajudaram a destruir, através de "quimeras" insensatas, um País altamente organizado, limpo, bonito, um verdadeiro jardim, sem "guetos", com um sistema de educação que não tem paralelo nos dias de hoje, e com um tecido produtivo como não há hoje, que possuía, por exemplo, uma marinha mercante das maiores do mundo, um complexo petroquímico e industrial que foi destruído (hoje nada se produz - apenas existe especulação financeira), não possuem qualquer autoridade moral para criticarem a actual classe política, que ajudaram a tomar o poder em Abril de 1974.

Desculpe, mas esta “tirada” não é para si… Mas também ninguém me convence do contrário!

Tivessem dado tempo a Marcello Caetano e a História teria sido outra!
 
Os juízes da história pensam que têm mãos limpas porque lhes faltam as mãos.

È melhor meter as mãos no trabalho, sofrer as perseguições, lutar pela liberdade e por um Futuro melhor que passar a vida a olhar para o passado, até por que o passado foi de escravidão e o Marcelo nunca manifestou ter coragem e capacidade para romper com o fascismo.

Desculpe, mas isto não é para si.
 
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