sexta-feira, novembro 14, 2008

 

"Marx morreu"? Viva Marx!

Está a decorrer, em Lisboa, um colóquio internacional sobre Marx. Nenhuma reflexão me parece mais importante do que essa, numa altura de profunda crise do capitalismo.

Naturalmente, o conceito de capital e de trabalho não são os mesmos que tinha Marx, mas também não aplicamos, hoje, os conceitos de regimes políticos da mesma forma que Aristóteles os analisou e não é por isso que deixamos de reflectir sobre o que este Filósofo escreveu na “Política”.

Lembro-me, como se fosse hoje, das palavras de um amigo, quando há muitos anos, no Lar da JUC (juventude universitária católica) devorava o que escreveu Trotsky. Disse-me ele: “Porque não aprofundas as tuas leituras em Marx?!... Nele está tudo o que é importante para pensarmos num mundo mais justo!”.

Quando nos inícios da década de 90 Fukuyama publicou “O fim da História”, procurei perceber a razão dessa ideia. O autor via no liberalismo económico o desfecho do que Hegel considerava a síntese suprema da história: “todo o real se tornava racional”. Para Fukuyama, a liberdade e a igualdade tornavam-se numa espécie de estado final do progresso da razão e é neste sentido que vê o “fim da História”. Seguidamente, outros se apressaram a proclamar todos os fins: o fim da política, o fim da filosofia, o fim das ideologias e outros do género. Só ficou espaço para o pragmatismo; isto é, para a ideia de que se pode deitar imediatamente a mão a tudo o que interessa ou é útil, sem as preocupações que fizeram os valores da modernidade e isso é que nos libertava (segundo os pragmáticos) do peso esmagador da autoridade e das regras e nos fazia muito pós-modernos.

O pragmatismo foi o alimento do neo-liberalismo que rompeu com regras e valores e abriu espaço ao egoísmo sem limites.

Achei sempre que essa visão não tinha em conta o darwinismo social que está na “genética” do liberalismo, tornando os ricos cada vez mais ricos e em menor número e os pobres cada vez mais pobres e em maior número. Penso que os últimos acontecimentos da crise mundial dão razão ao que sempre pensei.

Revisitar Marx não é só regressar ao pensamento profundo de um homem que teorizou sobre a exploração capitalista, mas também encontrar os instrumentos teóricos que melhor nos ajudam a compreender a sociedade em que vivemos e a romper com um conceito de política tornado num “jogo de ilusões”, passando a pensá-la como uma forma de servir causas e organizar um mundo mais justo e mais humano.


Viva Marx, após Karl Heinrich Marx!!!

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