sexta-feira, novembro 21, 2008
Façam de conta que há avaliação, porra!

Daqui para a frente, Maria de Lurdes Rodrigues é apenas uma figura de estilo: é uma espécie de antífrase em A4. De um dia para o outro conseguiu que o A4 que durante um ano era o bastante para os professores fazerem a sua avaliação, se revelasse burocrático, confuso, com erros, injusto e obrigasse a uma papelada sem fim que endoidecia os professores e esvaziava de sentido o papel da escola.
Naturalmente, ninguém perceberá que se tenha imposto um modelo de avaliação a 150 mil professores, sem ser testado nem ter em conta a especificidade múltipla das escolas e que depois de tanto conflito é que se dê conta da sua obscuridade e inoperância. Mas isso, pouco importa, o que interessa é encher os ouvidos dos portugueses com palavra-fetiche reforma, como se toda a reforma fosse “per si” boa ou só em anunciá-la acontecesse um mundo melhor.
E para que a mise-en-scène se cumpra, ontem, ao lado de Maria de Lurdes, o Ministro Silva Pereira certificava uma “avaliação” que deixava de avaliar o que o próprio M.E considerava essência da própria avaliação.

Já não era preciso diagnosticar a qualidade do ensino, porque dispensou-se a observação das aulas; já não era necessário melhorar competências, porque deixavam de contar os resultados dos alunos; já não era preciso que o professor sénior dissesse da sua justiça, porque o professor de Tecnologias deixava de avaliar o de Filosofia; já não eram precisas reuniões e mais reuniões entre avaliadores e avaliados, porque bastava um acordo entre as partes; e a folhinha A4 de Maria de Lurdes foi
, pela própria senhora, reconhecida como mastodonte de burocracia com um portefólio de cerca de 70 inúteis fichas.

Entretanto, para que fique tudo como convém a razões meramente economicistas, a carreira de docente continua dividida em duas: titulares e não titulares. E o professor que queira mudar de escola perde a condição de titular, se a escola de destino não tiver cota para a sua titularidade.
Isto é, Maria de Lurdes autoavaliou-se como incompetente e a avaliação que fazia o orgulho da Ministra desapareceu.
Ficou o “faz-de-conta” e o Ministro Silva Pereira, do alto da sua autoridade, tudo fez para que se entendesse que há diálogo entre o ministério e os professores bem ao estilo socrático.
Isto é, Maria de Lurdes autoavaliou-se como incompetente e a avaliação que fazia o orgulho da Ministra desapareceu.
Ficou o “faz-de-conta” e o Ministro Silva Pereira, do alto da sua autoridade, tudo fez para que se entendesse que há diálogo entre o ministério e os professores bem ao estilo socrático.
Foi como se dissesse: ficou uma avaliação porreira, pá!... Façam de conta que há avaliação!...