quinta-feira, maio 15, 2008

 

Sócrates e o "calvinismo moral radical"

José Sócrates teve quem lhe soprasse o fumo do “calvinismo moral” para se defender dos que o atacaram por não respeitar a lei anti-tabagista que ele próprio fez aprovar no Parlamento.

Mas é pena que não leia umas coisinhas sobre o “calvinismo moral” e muito especialmente aquele pequeno livro que reproduz uma conferência de Max Weber e que tem o titulo “O político e o cientista” (editorial Presença)

Se tivesse lido esse livro compreendia o seguinte: enquanto que os católicos apelavam ao desprendimento do mundo terreno para se alcançar a felicidade no outro mundo, os calvinistas, seguindo a doutrina da predestinação, procuravam, no decorrer das suas vidas, sinais da “vocação” para cumprir um desígnio neste mundo.

E, então, os que recebiam essa “vocação” orientavam, com espírito de dever (e é aqui que está a radicalidade calvinista), a sua vida por uma ética da convicção responsável que os obrigava a ter em conta o valor da prudência, da partilha de decisões e da necessidade de avaliar as consequências previsíveis dos seus actos.

Se Sócrates seguisse a ética das convicções responsáveis, inspirada no calvinismo, poderia também entender um conselho de Max Weber: “o homem político, que se confronta com problemas complexos, não pode desenvolver o espírito leviano que teve como consequência o desprestígio e decadência do Parlamento Alemão. Nem pode aplicar as suas convicções de forma absoluta, mas isolada e, por isso, estéril, sem ter em conta os contextos, sem avaliar o impacto da sua acção e sem se preocupar em estabelecer os compromissos necessários para acautelar consequências indesejáveis ou nefastas das suas políticas”.

Que pena Sócrates ter a lábia fácil, mas não saber do que fala!!!...

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