sexta-feira, maio 02, 2008

 

Maio de 68!

Talvez o “Maio de 68” tenha sido o acontecimento mais importante do século XX na Europa. Não pela greve geral, nem pelas greves de estudantes e muito menos pelos confrontos entre estes e a polícia. Não por aquilo que significava o “Quartier Latin!

Foi-o pela importância que este acontecimento teve na reflexão sobre a nossa concepção de vida, dos outros e do mundo. Por causa do Maio de 68 mudou-se o paradigma das nossas crenças, como Galileu fez mudar o paradigma de Ptolomeu.

A nossa relação com a vida, os outros e o mundo tornou-se “engagé”: nenhum de nós estava só, porque o compromisso num mundo melhor a todos tocava. Todos lemos autores tão diferentes como Sartre, Mao Tse Tung, Lenine, Trotsky, Mounier, Marcuse, Camus, Vaneigem, etc. etc. Todos ouvíamos os Beatles e vibrávamos com Bob Dylan. Todos tomamos partido sobre o “Segundo sexo” de Simone de Beauvoir, a colonização, a guerra no Vietname, o “Botas”, o cardeal Cerejeira, a dissidência na célula Manuel Alexandre e até sobre a Coca-Cola.

A esta distância, perguntamos o que foi feito dos nossos “sonhos”, das utopias que deram sentido ao nosso viver?!...

A esta distância, o mundo parece ter andado para trás! No emprego, nas escolas e na política, a fasquia é o pragmatismo, o egoísmo, o individualismo e o rebaixamento das aspirações dos mais pobres, dos que mais sofrem, dos excluídos do mundo.

E o Maio era a solidariedade, a libertação, a exaltação da vida!

Maio morreu. Viva Maio!


Sobre Maio:
http://www.evene.fr/livres/actualite/mai-68-cannes-gaulle-cohn-bendit-onfray-hamon-1337.php?p=7

Comments:
Obrigado meu velho e nobre companheiro intelectual pela força do retrato que nos ofereces do Maio &8.
Partilho da tua apreciação:
Solidariedade ou egoísmo desenfreado?
Libertação ou constrangimentos e mentiras?
Exaltação da vida ou esgotamento rápido e menos de imaginação e de arte e de fantasia?
 
Eu é que Agradeço as tuas amigas palavras.

Penso, muitas vezes, que fomos traídos por muitos dos que nos acompanhavam nas esperanças que criamos
 
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