terça-feira, abril 22, 2008

 

Crepúsculo

E eu tinha os olhos cheios,
mas tão cheios de luz,
que se fechasse as pálpebras
ela jorraria em pranto,
como pranto – abrindo-se
em flores orvalhadas.
A luz cavava sulcos
em meu cérebro, aligeirando-o
como à árvore o vento
que lhe atira os frutos
ao chão, e aí,
libertas, as folhas
frondejam nas alturas
com um novo frémito.
A luz cavava sulcos
em meu cérebro e corria-me
pelas veias, lenta, calma.

Ággelos Sikelianós(1884–1951)
tradução:
José Paulo Pães

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