terça-feira, março 25, 2008

 

Este Ministério da Educação é pior para a escola do que foi a pneumónica para o País

Platão, discípulo de Sócrates (o Filósofo e não o Propagandista), defendia que a escola devia fornecer uma «ginástica» para o corpo e uma «música» para o espírito. A «música» consistia em educar através de estórias edificantes, destinadas a desenvolver nos alunos o bom gosto, a sensibilidade estética e ética, as convicções, a vontade de ser profissional competente e cidadão responsável.

O conceito «escola» ficou, desde Platão, apoiado na convicção de que o sujeito da acção de ensinar e educar é o professor. Quando dizemos «tenho saudades da escola» queremos com isso sublinhar os laços de amizade estabelecidos entre professores, alunos e pessoal de apoio. E quando acerca de alguém desabafamos «faltou-lhe a escola» estamos a tornar relevante o papel formativo e instrutivo dos professores.

Ora, só se diz tudo isso, porque a escola tem uma função social específica que envolve referências de sentido que só o fortalecimento da autoridade do professor (como em casa a autoridade do pai) pode dar.

Naturalmente, a escola não pode dispensar a colaboração dos Pais, bem como de outras organizações. Mas essa colaboração deve ser ditada por valores inerentes à função da escola e não para esvaziar o papel dos professores.

Este Ministério da Educação colocou pais (os da CONFAP) e alunos a avaliar os professores, publicou estatutos de alunos que dão direitos sem exigirem deveres, fez da escola um lugar lúdico e não de trabalho, criou exigências processuais nos conselhos disciplinares que tornam o prevaricador em herói e tornou os professores em meros funcionários para a guarda de rebanhos.

A incompetência do Ministério da Educação não deixa ver que, no mundo actual, a família já não significa o que significava e muitas vezes os alunos são indisciplinados, porque têm problemas na própria família; que o sexo, a violência e o jogo, que fazem o sucesso de muitas produções televisivas, servem de mimetismo para o ambiente dos alunos na escola; que o desemprego e a ausência de esperança no futuro abrem espaço á irresponsabilidade, à agressividade e à ociosidade dos alunos; que a cultura política que faz sucesso nos nossos dias está marcada por um populismo obscurantista; e, que a sociedade sofre uma profunda crise de valores, desenvolvendo-se a ideia de que todos os meios são legítimos para alcançar vantagens.

Neste contexto, um Ministério da Educação com visão do futuro dignificaria o papel da escola, estimularia a autoridade dos professores, pedir-lhes-ia que fossem as referências éticas que faltam aos alunos e não deixaria que a escola se tornasse num lugar perigoso, onde bandos de jovens possam desafiar regras, humilhar e ameaçar quem tem por incumbência os educar.

Mas tudo foi feito ao contrário por este Ministério da Educação e na propaganda habitual deste Governo tudo o que de trágico (pois é disso que se trata!) se passa nas escolas é meramente pontual e nada disso tem de dramático.

Pior do que foram, no início do séc. XIX, os efeitos da pneumónica para o País, ficará, no nosso tempo, para a Escola, para a desmotivação dos professores, a incompetência deste Ministério da Educação e a arrogância deste Governo.

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