quarta-feira, fevereiro 13, 2008

 

Caçados pela cobiça.

No passado domingo, lá fui a mais uma batida ao javali. Desta vez foi em Talhas, uma freguesia do concelho de Macedo de Cavaleiros, com uma beleza telúrica espantosa, tocada pelo rio Sabor.

Não vale a pena procurar no site da autarquia, as raízes históricas que fazem a identidade dessa Terra e desse Povo. Ali só se encontram as façanhas da autarquia, o relato dos “avultados investimentos” que esta faz, mas isso é “coisa” que apenas pode servir à reeleição do autarca, mas não liga o forasteiro a Talhas e ao seu Povo.
Um povo admira-se pela sua história, pelos seus usos, costumes e tradições e não pela propaganda política.

É muito natural que D. Sancho I por ali tenha andado, não só preocupado com o repovoamento da região, mas também praticando o desporto da caça. E sempre com aquela preocupação que caracteriza o deslumbramento dum caçador: nunca usar meios traiçoeiros, de uma superioridade técnica ou racional, que condene de forma absoluta a presa à perfídia do caçador. A caça só tem interesse, se o animal procurado tem a sua chance. Por isso, a lei proíbe as armadilhas.

Não foi com o espírito de caçador que, por certo, a brigada de trânsito, nessa manhã calma, numa recta deserta que termina junto à rotunda de Izeda, montou uma armadilha para caçar apenas monteiros, os únicos que àquela hora se esperaria que por ali passassem.

Dissimulado junto a um caixote de lixo, ficou um radar e algumas centenas de metros a seguir, mesmo no fim da rotunda e escondida pelas árvores prostrou-se, quase sorrateiramente, a brigada de trânsito. E nesse estilo, pouco venatório, foi aplicando a pesada multa (paga na altura e com risco de cassação posterior da carta) aos monteiros que, na condução do seu veículo, se distraíssem da limitação de velocidade fixada por uma sinalética tão desbotada que até parecia sugerir o seu despropósito.


Só escapou uma carroça de burros, abismados com tanta produtividade da GNR!

Naturalmente, percebe-se que o comandante da GNR (que determinou aquele serviço àquela brigada de trânsito) eventualmente pretenda, com o caudal de multas que foram aplicadas aos monteiros, justificar a sua promoção.

Estamos próximo de eleições e o governo precisa de premiar quem caça verbas para os ministros poderem jorrar "obra" por todo o lado, mas não será dessa forma que a causa da luta contra a sinistralidade poderá ser ganha.

Não admira que, com tanta perseguição ao caçador, vinda das brigadas de trânsito, do aumento do preço das licenças, dos impostos nos artigos de caça, do emaranhado nebuloso de complicações para poder caçar, etc., etc., nem os javalis se mostrem disponíveis para aparecer.

O desporto venatório, que fazia a ligação do homem à natureza, do litoral ao interior e promovia a gastronomia regional, a tertúlia, o convívio entre culturas e povos, servindo de fuga ao stress e de descontracção do burburinho das cidades, tornou-se num luxo para elites extravagantes.

Como os caçadores não pertencem a essa “casta”, perseguidos por tanta cobiça, só lhes resta ficar em casa a barafustar contra Sócrates, o que está no Governo.

E, como se vê, com muitas e boas razões!

Comments:
Algumas daquelas casas ali em cima tem estilo de serem da autoria do nosso primeiro!
 
Estou convencido que se lhe for perguntado, ele confirma. E com convicção!...
 
Se atirassem aos pratos ajudavam a desenvolver a indústria cerâmica.

Também podiam fazer tiro ao alvo, a um alvo com a foto do Só cretino.
 
Não seja mauzinho!...
 
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