segunda-feira, novembro 26, 2007

 

116 anos ao serviço da solidariedade social

Texto que enviei para o boletim do Instituto Profissional do Terço:

O Nosso Desígnio

Na retórica habitual dos políticos não há palavra mais encantatória do que “interesse nacional”. A sua utilização serve para tudo: tanto serve para justificar a construção de uma barragem como para legitimar o congelamento de salários. Nunca a vi associada ao desígnio de propor um sentido de vida para os que, nesta sociedade, mais sofrem uma situação de abandono, desespero ou pobreza.

E isso faz-nos lembrar as sábias palavras de Alexis Carrel, quando refere que “a promoção da dignidade do ser humano deixou de ser a medida de todas as coisas e a noção de homem tornou-se estranha no mundo que ele próprio criou”. Não admira, por isso, que invocando o «santificado nome» do interesse nacional, muitas desilusões, sofrimentos e egoísmos se escondam!...

No entanto, o conceito “nação” tem a sua raiz etimológica em natus (nascido) e isso diz-nos que a razão de ser de uma nação é a reunião de pessoas que têm a mesma origem e se organizam com a intenção de cooperarem na conquista de um bem-estar comum. È que, como diria Teilhard de Chardin, o homem é o alfa e ómega de tudo. E, sendo assim, desde o seu nascimento, deve ser o princípio e o fim das preocupações do grupo a que pertence; ou seja, do interesse nacional.

Foi neste paradigma que os humanistas consideraram que uma boa governação é avaliada pela sua capacidade de desenvolver ou não políticas que, em vez de aumentar a felicidade dos que são mais felizes, diminua o sofrimento dos que mais sofrem; isto é, sobretudo preocupadas com os que têm a sua dignidade mais fragilizada: os pobres, os marginalizados, os velhos e as crianças abandonadas e na miséria.

Foi também este paradigma que sempre orientou os homens bons, solidários e fraternos. Referimo-nos, naturalmente, ao Juiz Silva Leal e ao comerciante Delfim Lima que, em 1891, criaram o Asilo do Terço, hoje Instituto Profissional do Terço. Vocacionaram esta Instituição para acolher crianças abandonadas e jovens em risco, prestando-lhes a educação e a instrução que os tornasse cidadãos responsáveis e profissionais competentes.

É esta missão que procuramos honrar. A Direcção desta Casa, os seus Corpos Sociais e todos os que nela trabalham, não têm cruzado os braços, nem se vergaram à indiferença, às dificuldades ou mesmo à incompreensão, para levar a cabo a sua tarefa.

Este Segundo Congresso sobre "Educação para crianças e Jovens" do Instituto Profissional do Terço inscreve-se nessa preocupação: partilhar com instituições congéneres, educadores, especialistas e técnicos os nossos problemas e aproveitar todos os saberes que nos forem comunicados para conseguir proporcionar às crianças, que nos são confiadas, a construção de um sentido para o seu futuro, como homens honrados e cidadãos responsáveis.

Pensamos que esta tarefa, estando associada à construção de uma sociedade mais justa, mais fraterna, mais coesa e mais segura, consubstancia, de facto, um interesse nacional.

Esperamos, com mais este evento, poder continuar a caminhar no sentido certo para cumprir o desígnio do interesse nacional que dá sentido á nossa Instituição.

2007
J. B. M.
(Presidente da Mesa da Assembleia Geral)

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