segunda-feira, outubro 15, 2007

 

A "arreliadoragralha"

Com a devida vénia transcrevo um texto do meu amigo Pina, publicado, hoje, no JN. Com a transcrição deste texto, pretendo também corrigir (não foi gralha) o meu último post (uma síntese), no que nele consta sobre a mesma matéria.

«Houve uma época em que, nos jornais, as rectificações começavam invariavelmente por um nariz de cera desculpabilizante "Uma arreliadora gralha, etc…" Aquele adjectivo "arreliadora" sempre me enterneceu, acordando em mim díspares e melancólicos ecos, de " La gazza ladra" de Rossini a "Les bijoux de la Castafiore", de Hergé.

Curiosamente, no álbum de Hergé, a imprensa não é menos "arreliadora" do que a pega, ou gralha, ou lá que corvídeo é, que rouba a esmeralda da Castafiore, gralhando sem parar sobre um putativo casamento desta com Tournesol. As gralhas são coisas mais sérias (embora nem sempre menos risíveis) na "Psicopatologia da vida quotidiana" de Freud, tão sérias que até nome em latim têm: "lapsus calami". No fundo significam aquilo que, em linguagem popular, se chama "fugir a boca (no caso, a caneta) para a verdade".

A proposta de Orçamento de Estado para 2008 tem, explicou o Ministério das Finanças, uma "arreliadora gralha". A "gazza ladra" ter-se-á metido, sem o Governo dar por isso, no nº 5 do artº 53º do Código do IRS para roubar a esmeralda aos reformados pobres e dá-la aos reformados ricos. Felizmente o Orçamento não vai ao psicanalista, ou os portugueses ainda descobririam alguma coisa inquietante em latim sobre o seu subconsciente».

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