segunda-feira, setembro 24, 2007

 

A minha aposta!

Ontem passei o dia em Guribanes, uma pequena aldeia da freguesia de Mascarenhas, em Mirandela. Fui à largada de perdizes e faisões promovida pela Associação de Caçadores dessa Terra.

Quem quiser ter uma ideia desta Terra que a seus pés recebe o Rio Tuela depois de emigrar dos glaciares de Castela e Leão para se espreguiçar em Guribanes numa linda praia, antes de se juntar ao Rio Rabaçal para se alargar no Rio Tua, tem de falar com D. Estêvão Roriz. Perguntar-lhe por que o Povoador o tornou Cavaleiro de Mascarenhas e ouvir dele as terríveis façanhas que o levaram a conquistar aos árabes (berberes) este entreposto comercial, terra onde as aves acordam os forasteiros, os animais pachorrentamente passeiam pelos campos, abundam as cerejas, os figos, o bom vinho e a saborosa amêndoa; e, onde dos olivais, brota o fino azeite que delicia a boa mesa e ajuda a confeccionar os enchidos com que os judeus enganavam os mais fundamentalistas da religião cristã. E o petisco resistiu à perseguição e conseguiu ganhar o estatuto de deliciosa alheira.

Por todas estas razões, não é despiciendo que o Bispo de Bragança e Miranda colocasse aí a sua reitoria e aí também ficasse a sede de uma comenda da Ordem de Cristo. Sabemos bem que os bispos e as ordens de cavalaria sempre souberam tirar proveito para o enriquecimento das suas almas do sustento que os mouros escorraçados sabiam cultivar.

Isso justifica que Mascarenhas tenha sido terra de progresso e futuro. Nos anos 60, ali havia 8 lagares de azeite, seis produtores de frutas, uma Casa do Povo, uma hospedaria, três mercearias, uma mina de antimónio, três professores e um Julgado de Paz.

Hoje, só por lá param poucas centenas de pessoas, desapareceram os professores, o médico só o podem consultar em Mirandela, o próprio padre já só lá vai de vez em quando e Guribanes já não tem mais que três residentes.

Tal como a pneumónica devastou o País, a política de educação, de saúde e agrícola de Sócrates devastou o interior.

Mas, como diz o poeta, «há sempre alguém que resiste» e ali permanece um excelente restaurante, muito aproveitado para abrilhantar eventos, como largada de perdizes e faisões, com que os filhos da Terra enaltecem a memória dos costumes dos seus antepassados.


Fiquei fã desta Terra e a feijoada à transmontana que os caçadores de Mascarenhas nos ofereceram no restaurante de Guribanes terá de ser repetida, mesmo que não cacemos perdizes ou faisões ou o Meneses ajude a eternização de José Sócrates, o Despovoador.

É esta a minha aposta!


Vejam como sabe receber Mascarenhas em: http://www.acpnsviso.blogspot.com/

Comments:
Adorei as singelas palavras que enaltecem a minha terra natal! Espero muito breve organizar outra largada e tê-lo presento.

Maria
 
Fico feliz com o seu contentamento pelo meu post. Lá estarei, se me convidarem. Soube, há pouco, que Mascarenhas é a Terra duma minha amiga e colega, a Dr. Fátima Gama.
Um abraço para si e para o simpático seu rapaz.
 
Queria apenas agradecer a atençao que a sua aposta mereceu no seu blog e já agora a sua inevitavel presença em Guribanes... Continuamos a contar com a sua presença e atençao...
Deixo-le o meu E-mail: Enf_Hugo@Hotmail.com
Atenciosamente, O Presidente da Associaçao: Hugo alves
 
Não fiquei admirado com o seu magnífico post!
Realmente,toda aquela zona é mesmo um autêntico paraiso. Eu sou de Abambres e,apesar da minha idade,quando posso ali me desloco para retemperar forças!
Conheço bem Guribanes - a casa dos Cabrais era das minhas visitas frequentes e Mascarenhas,na minha meninice era quase uma vila!Quanto a Abambres,era uma princesa. Hoje,infelizmente, tudo isto acabou!Parabéns pelo seu post!
 
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