terça-feira, agosto 14, 2007

 

Férias em Lagos

Durante muitos anos pensei que Lagos resistiria à voragem dos “patos bravos” que enxameiam o Algarve de mamarrachos. Mas ao olhar para o Castelo de Lagos senti o aperto de alma que, em 1755, D. José I terá sentido ao ter conhecimento das malfeitorias deixadas pelo tsunami gerado pelo Terramoto.

Desapareceu o parque de campismo que deveria tornar-se num espaço verde a enaltecer a imponência das muralhas do Castelo. Sumiu-se o Castelo e as suas muralhas seguram arrogantes e pacóvios mamarrachos.


Pobres lacobricenses que lhes vão ceifando a memória, em nome de um poder que os ilude com um "progresso" traiçoeiro!!!

A Cidade já não lhes deixa ver as mãos que, tremulamente, se erguiam nas ameias do Castelo para acenar adeuses às naus que partiam em direcção às conquistas em Marrocos e à descoberta das costas ocidentais de Africa; já não lhes deixa ouvir os soluços repetidos das damas que assomavam às torres procurando num infinito mar de desespero o Rei ausente.

Lagos já não é lacobriga dos celtas, porto para fenícios, gregos e cartagineses, cidade cobiçada por árabes e romanos, mercado de escravos, centro do comércio dos produtos exóticos, do marfim, do ouro e da prata de África, residência do navegadores, sede de bispado, casa de D. Sebastião, palácio de governadores, centro da industria de conservas de peixe, orgulho do nosso passado.

Lagos vai perdendo a sua luz para ficar entalada no cinzento dos taipais. Já não responde ao passado de todos nós, não fala da nossa identidade colectiva, não é a história de um espírito de vida em comum, a Cidade do esplendor da harmonia entre o mar, o sonho, a luz, a vida, a saudade, o amor, a natureza e o mundo que Sophia de Mello Breyner tão bem interpretava.

Lagos tornou-se mais uma das cidades do Algarve.

Pobre País que te abandonou!

Comments:
Fico contente por poder voltar a ler esta margem.

Ainda bem que voltou.
 
Obrigado pelas suas considerações
 
Ai que pena, Primo! Podíamos ter-nos encontrado! Ao menos para um almoçinho! Francamente!...

Abraço!

(Adoro a zona de Lagos...). Enfim, com todos os defeitos, mas creio que é a zona do Algarve mais bonita...
 
Eu também. E senti-me tão triste com o que vi!
 
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