quinta-feira, julho 26, 2007

 

Saturados da sua melodia

Não sei se Sócrates convenceu alguém no pseudo-debate que teve, ontem, na SIC.

A sua retórica é melodiosa, estudada para se tornar num espectáculo encantatório, tal como foi o das crianças que com ele representaram a "escola do futuro". Mas tudo isso, por ser demasiado artificial, já se tornou cansativo.

Toda a gente já percebeu a técnica argumentativa do Primeiro-ministro: desvaloriza as críticas dos adversários, usando a falácia habitual de atacar a pessoa, o seu feitio, justificar o erro com iguais erros, em vez de defender princípios ou refutar argumentos com razões. Desvalorizou os argumentos de Manuel Alegre, como aquele aluno que justifica as suas más notas pelo feitio do professor.

José Sócrates veste bem, fala com a concentração de quem está a ouvir a sua própria melodia, mas ainda não percebeu que isso não chega e que as suas falácias não só se viram contra si, mas também contra a própria democracia.

Os validadores da argumentação são afectivos e cresce, com grande velocidade, o sentimento de que os dirigentes partidários “são todos iguais” e este Primeiro-ministro é mentiroso.

A eficácia da retórica não está nos “truques” falaciosos que são aduzidos, mas depende do que é presumidamente admitido por aqueles a quem se dirigem os argumentos. E os portugueses sentem, no dia a dia, que a “lábia” de Sócrates contradiz os factos e, por isso, já não o querem ouvir.


E os factos demonstram isso: a entrevista do Primeiro-ministro não teve grande audiência. Os valores registados ficaram muito abaixo da audiência conquistada pela entrevista de José Sócrates na RTP1, em Abril deste ano. Ontem, a liderança de programas coube à telenovela da TVI "Ilha dos Amores" e José Sócrates ficou em oitavo lugar.

Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?