terça-feira, julho 31, 2007
Deixo-vos um poema.
Até ao meu regresso do Algarve!
VOZES DO MAR
Quando o sol vai caindo sobre as águas
Num nervoso delíquio d'oiro intenso,
Donde vem essa voz cheia de mágoas
Com que falas à terra, ó mar imenso?...
Tu falas de festins, e cavalgadas
De cavaleiros errantes ao luar?
Falas de caravelas encantadas
Que dormem em teu seio a soluçar?
Tens cantos d'epopeias? Tens anseios
D'amarguras? Tu tens também receios,
Ó mar cheio de esperança e majestade?!
Donde vem essa voz, ó mar amigo?...
... Talvez a voz do Portugal antigo,
Chamando por Camões numa saudade!
Florbela Espanca
Poesia Completa
Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2000
Até ao meu regresso do Algarve!
VOZES DO MAR
Quando o sol vai caindo sobre as águas
Num nervoso delíquio d'oiro intenso,
Donde vem essa voz cheia de mágoas
Com que falas à terra, ó mar imenso?...
Tu falas de festins, e cavalgadas
De cavaleiros errantes ao luar?
Falas de caravelas encantadas
Que dormem em teu seio a soluçar?
Tens cantos d'epopeias? Tens anseios
D'amarguras? Tu tens também receios,
Ó mar cheio de esperança e majestade?!
Donde vem essa voz, ó mar amigo?...
... Talvez a voz do Portugal antigo,
Chamando por Camões numa saudade!
Florbela Espanca
Poesia Completa
Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2000
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Serei um dos �ndios da Meia-Praia e ficarei instalado num andar, mesmo ao lado do Hotel. Se, do pared�o (da Marina) lhe vier o som de algu�m que canta, enquanto deita uma cana de pesca ao mar, sou eu. Eu mesmo, de cal�es e barrete, lembrando o Zeca, cantando:
Aldeia da Meia Praia
Ali mesmo ao p� de Lagos
Vou fazer-te uma cantiga
Da melhor que sei e faco
De Montegordo vieram
Alguns por seu pr�prio p�
Um chegou de bicicleta
Outro foi de marcha � r�
Quando os teus olhos tropecam
No voo de uma gaivota
Em vez de peixe ve pecas de oiro
Caindo na lota
Quem aqui vier morar
Nao traga mesa nem cama
Com sete palmos de terra
Se constr�i uma cabana
Tu trabalhas todo o ano
Na lota deixam-te nudo
Chupam-te at� ao tutano
Levam-te o couro cabeludo
Quem dera que a gente tenha
De Agostinho a valentia
Para alimentar a sanha
De esganar a burguesia
Adeus disse a Montegordo
Nada o prende ao mal passado
Mas nada o prende ao presente
Se s� ele � o enganado
Oito mil horas contadas
Laboraram a preceito
At� que veio o primeiro
Documento autenticado
Eram mulheres e criancas
Cada um com o seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra
quem diz o contrario � tolo
E se a ma lingua nao cessa
Eu daqui vivo nao saia
Pois nada apaga a nobreza
Dos indios da Meia-Praia
Foi sempre tua figura
Tubarao de mil aparas
Deixas tudo � dependura
Quando na presa reparas
Das eleic�es acabadas
Do resultado previsto
Saiu o que tendes visto
Muitas obras embargadas
Mas nao por vontade pr�pria
Porque a luta continua
Pois � dele a sua hist�ria
E o povo saiu � rua
Mandadores de alta financa
Fazem tudo andar para tras
Dizem que o mundo s� anda
Tendo � frente um capataz
Eram mulheres e criancas
Cada um com o seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra
Que diz o contrario � tolo
E toca de papelada
No vaiv�m dos minist�rios
Mas hao-de fugir aos berros
Inda a banda vai na estrada
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Aldeia da Meia Praia
Ali mesmo ao p� de Lagos
Vou fazer-te uma cantiga
Da melhor que sei e faco
De Montegordo vieram
Alguns por seu pr�prio p�
Um chegou de bicicleta
Outro foi de marcha � r�
Quando os teus olhos tropecam
No voo de uma gaivota
Em vez de peixe ve pecas de oiro
Caindo na lota
Quem aqui vier morar
Nao traga mesa nem cama
Com sete palmos de terra
Se constr�i uma cabana
Tu trabalhas todo o ano
Na lota deixam-te nudo
Chupam-te at� ao tutano
Levam-te o couro cabeludo
Quem dera que a gente tenha
De Agostinho a valentia
Para alimentar a sanha
De esganar a burguesia
Adeus disse a Montegordo
Nada o prende ao mal passado
Mas nada o prende ao presente
Se s� ele � o enganado
Oito mil horas contadas
Laboraram a preceito
At� que veio o primeiro
Documento autenticado
Eram mulheres e criancas
Cada um com o seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra
quem diz o contrario � tolo
E se a ma lingua nao cessa
Eu daqui vivo nao saia
Pois nada apaga a nobreza
Dos indios da Meia-Praia
Foi sempre tua figura
Tubarao de mil aparas
Deixas tudo � dependura
Quando na presa reparas
Das eleic�es acabadas
Do resultado previsto
Saiu o que tendes visto
Muitas obras embargadas
Mas nao por vontade pr�pria
Porque a luta continua
Pois � dele a sua hist�ria
E o povo saiu � rua
Mandadores de alta financa
Fazem tudo andar para tras
Dizem que o mundo s� anda
Tendo � frente um capataz
Eram mulheres e criancas
Cada um com o seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra
Que diz o contrario � tolo
E toca de papelada
No vaiv�m dos minist�rios
Mas hao-de fugir aos berros
Inda a banda vai na estrada
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