domingo, julho 01, 2007

 

Atacar o mal pela raíz!...

Os calotes dos municípios já não espantam ninguém.

As autarquias são o reflexo mais pacóvio da política espectáculo. Basta lembrarmo-nos da moda das rotundas á entrada de vilas e cidades, das obras e mais obras em vésperas de eleições, das inúmeras festas para juntar papalvos, dos boys que proliferam a assessorar autarcas e das publicações, onde pagina sim, página sim, o presidente perfila-se em diferentes poses. E, como o dinheiro vai faltando e é preciso mostrar obra, já surgiu a peregrina ideia de um medalhanço geral: a autarquia do Marco, presidida por Manuel Moreira, entrega, durante as festas do Concelho, mais de meia centena de medalhas, umas de ouro e outras de prata. Isto é obra!... De uma só vez, nem trinta dez de Junho conseguiam tal!...

O resultado do esbanjamento foi denunciado por um estudo da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas. Dois terços dos municípios, isto é, cerca de 227 autarquias, não dispõem de meios financeiros para respeitar compromissos. Por outras palavras: são caloteiras.

Entretanto, a falência das autarquias tem um efeito de carrossel sobre a saúde de muitas empresas que para elas trabalham.

Percebe-se, então, que políticos caloteiros vejam na ideia neo-liberal de “estado-mínimo” a solução para a sua incapacidade de gerir; e, então, entreguem os serviços que deveriam prestar aos contribuintes a empresas privadas: é o caso do abastecimento de água, da recolha de lixo, etc.

Só perguntamos: se os serviços fundamentais de uma autarquia vão sendo privatizando, por que não se corta a direito: privatize-se as próprias autarquias!

Ataca-se o mal pela raiz!

É que o País já é, como se vai constatando, uma coutada de alguns.

Comments:
Caro Dr. João Baptista Magalhães,

Ainda bem que escreve sobre este assunto. Eu já escrevi também no Marco Hoje e lá disse o que penso sobre o tema - http://marcohoje.blogspot.com/2007/06/medalhas-em-vez-de-obras.html .

Apareceram logo uns comentários a defenderem que o senhor Presidente deveria ser tratado com mais respeito.

Logo recebi uns telefonemas a dizerem que eu estaria era com inveja, mas que para me calarem talvez para o ano me atribuissem a mim também uma medalha.

Mas uma coisa, desde já, lhe garanto que de Manuel Moreira não aceitaria em tempo algum qualquer distinção, por várias razões, sendo que uma delas é que não aceitaria me ver misturado com alguns dos "medalhados".

Segundo o pensamento daqueles que me telefonaram, e atendendo a que também aqui criticou o tema, pode ser que para o ano seja candidato a receber uma medalha!

Agora falando mais a sério. Julgo que, por uma questão de justiça e mérito, seria mais do que justo receber essa distinção pelo trabalho que desenvolveu ao longo de décadas em prol do Marco de Canaveses e das suas gentes.

Um abraço.

Paulo Vieira da Silva
 
Meu caro:

Eu penso que isso de atribuir medalhas está tão banalizado que não tem significado nenhum. Quem as merece, sente-se incomodado (a banalização tira dignidade ao mérito); quem não as merece não é por as receber que ganha alguma consideração.

Para lhe ser franco, isso de atribuir medalhas a torto e a direito é, francamente, uma parolice! Não dignifica quem as dá, nem quem as recebe. E tem um sentido perverso: desenvolve a ideia de que os mais premiados são os que perderam o sentido do dever: são os amigos do “medalhador”, os que nunca o incomodam! E isto não é bom sob o ponto de vista da consciência cívica, nem sob o ponto de vista da consciência moral.

O dinheiro gasto nessas bugigangas era mais bem empregue noutras coisas.

Gosto mais das medalhas que são entregues no 30º lugar de concursos de pesca desportiva.

Pode citar-me!
 
Também não vale a pena erguer velhos fantasmas em torno desta questão. A vida faz-se para a frente ...caminhando.
 
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