sábado, junho 02, 2007
Ainda bem que comprei o “Público”!
Três trabalhos justificam, hoje, o preço do “Público”. Com o título “A condenação do conflito como instrumento do poder”, Pacheco Pereira (com quem notoriamente tenho divergido) denuncia uma das características “rascas” do jornalismo, animal-de-guarda-do-poder.
É bom que seja Pacheco Pereira a verberar o procedimento dos jornalistas que, silenciosamente, ouviram os dois obscuros secretários de Estado a propagandearem o fracasso da greve; e, em contraste, numa atitude “rasca”, não deixaram Carvalho da Silva levar até ao fim a sua análise da greve, interrompendo-o sistematicamente para lhes pedir números da adesão á mesma.
É bom que seja Pacheco Pereira a dizer que os sindicatos e o direito á greve são uma das características centrais do funcionamento da democracia e que «para muitos trabalhadores, a greve, seja ela feita por comunistas, socialistas, sociais-democratas, é mesmo um dos poucos instrumentos que têm para se defenderem da indiferença social que os yuppies modernaços revelam».
O segundo trabalho surge no caderno P2 . Num artigo, Lipovetsky chama á atenção para os falsos caminhos da procura da felicidade. O conhecido filósofo francês, autor da “Era do Vazio” e “A felicidade paradoxal”, denuncia o que ele designa por “império da oferta comercial” e demonstra como o hiperconsumo nos desvia para a procura da felicidade no mercado e não numa ética da pessoa. Convida-nos a promover uma “ecologia da existência”, capaz de mobilizar os afectos para o trabalho, a criação, o desejo e não para o consumismo hedonista.
Neste artigo, Lipovetsky não coloca o problema de se saber como promover essa ecologia com políticas utilitaristas, que tornam o trabalhador num “objecto” descartável, negam o seu direito a uma realização profissional e entendem que as empresas não têm uma responsabilidade social, mas apenas a de utilizar os recursos humanos para maximizar lucros e, com isso, a riqueza dos seus accionistas.
Por último, é de não perder o que escreve a viúva do filósofo Fernando Gil, Danièle Chon.
A filósofa lembra-nos um dos aspectos mais importantes da arte, que nem sempre é relevado: o apelo a sabermos olhar com mais solidariedade a dor e o sofrimento dos outros. E neste sentido, Danièle Chon não separa a estética da justiça.
Ainda bem que, hoje, comprei o “Público”.
É bom que seja Pacheco Pereira a verberar o procedimento dos jornalistas que, silenciosamente, ouviram os dois obscuros secretários de Estado a propagandearem o fracasso da greve; e, em contraste, numa atitude “rasca”, não deixaram Carvalho da Silva levar até ao fim a sua análise da greve, interrompendo-o sistematicamente para lhes pedir números da adesão á mesma.
É bom que seja Pacheco Pereira a dizer que os sindicatos e o direito á greve são uma das características centrais do funcionamento da democracia e que «para muitos trabalhadores, a greve, seja ela feita por comunistas, socialistas, sociais-democratas, é mesmo um dos poucos instrumentos que têm para se defenderem da indiferença social que os yuppies modernaços revelam».
O segundo trabalho surge no caderno P2 . Num artigo, Lipovetsky chama á atenção para os falsos caminhos da procura da felicidade. O conhecido filósofo francês, autor da “Era do Vazio” e “A felicidade paradoxal”, denuncia o que ele designa por “império da oferta comercial” e demonstra como o hiperconsumo nos desvia para a procura da felicidade no mercado e não numa ética da pessoa. Convida-nos a promover uma “ecologia da existência”, capaz de mobilizar os afectos para o trabalho, a criação, o desejo e não para o consumismo hedonista.
Neste artigo, Lipovetsky não coloca o problema de se saber como promover essa ecologia com políticas utilitaristas, que tornam o trabalhador num “objecto” descartável, negam o seu direito a uma realização profissional e entendem que as empresas não têm uma responsabilidade social, mas apenas a de utilizar os recursos humanos para maximizar lucros e, com isso, a riqueza dos seus accionistas.
Por último, é de não perder o que escreve a viúva do filósofo Fernando Gil, Danièle Chon.
A filósofa lembra-nos um dos aspectos mais importantes da arte, que nem sempre é relevado: o apelo a sabermos olhar com mais solidariedade a dor e o sofrimento dos outros. E neste sentido, Danièle Chon não separa a estética da justiça.
Ainda bem que, hoje, comprei o “Público”.