quinta-feira, abril 12, 2007

 

Primeiro ministro ou “chico esperto”?!...

O que mais me espantou na entrevista de José Sócrates foi a sua demissão de Primeiro-ministro.

Ninguém compreende que um primeiro-ministro não esboce um ar de preocupação com o funcionamento atabalhoado duma universidade que diz ter frequentado; numa universidade onde é possível elaborar planos de equivalência sem previamente o aluno apresentar todos os documentos comprovativos de exames feitos; numa universidade onde um único professor ensina quatro disciplinas, supondo-se exercer esse ensino como quem dá quatro recados diferentes e não como quem promove a investigação e o saber próprio da vocação dum ensino superior, etc., etc.

Esperava-se que Sócrates, estivesse à altura do cargo que exerce, preocupando-se com a dignificação das instituições e mostrando repúdio pela trapalhada que reflecte o funcionamento das universidades privadas.

Esperava-se que um primeiro ministro que enche a boca com o “sentido da responsabilidade” e a “necessidade de rigor e transparência”, não usasse duas medidas: uma, para desvalorizar documentos que ele próprio apresentou à Assembleia da República com declarações falsas; outra, para se servir de um montão de diplomas, certificados e cartas a fim de demonstrar aos entrevistadores que são verdadeiras as suas afirmações.

O que ficou da entrevista do primeiro-ministro foi a imagem de um Sócrates igual aos muitos “chicos-espertos” que abundam por todo o lado neste cantinho à beira mar plantado.

Entretanto, duas posturas surgiram depois da entrevista: a direita escandaliza-se com o percurso de Sócrates e não dá conta do desprestígio das instituições que lhe deram cobertura; a esquerda absolve as aldrabices e pensa que as mesmas não têm significado para o normal funcionamento das instituições.

Este é o nosso País, e assim são os partidos que temos.

Cada vez estamos mais sós. Naturalmente, a questão não está em saber-se se Sócrates é ou não engenheiro. Com o acordo de Bolonha possivelmente já o seu curso de bacharel está equiparado a uma licenciatura.


O problema é que a sua incontida ambição e vaidade destapou o que ele genuinamente é. Trata-se de alguém que, ocupando o cargo de primeiro-ministro, nada tem a ver com as nossas expectativas.

Como ganhar esperança num futuro desenvolvido por primeiros-ministros deste calibre?!..

Comments:
A mim, espantou pela desfaçatez dos argumentos pela pretensão de achar que sou burra ou tenho memória curta.

Espanta-me ainda, e incomoda-me, o silêncio (comprometedor) do PR, que assiste pávido e sereno a toda esta trapalhada.

Espanta-me também, e confrange-me, a indiferença e apatia das instâncias competentes para levarem a cabo uma investigação legítima e clarificadora de tudo isto. Os indícios e as notícias que vamos ouvindo e lendo não são, por certo, suficientes para levar ao apuramento do que quer que seja ou estarão, ainda assim, balizados por juizos de normalidade.


Enquanto cidadã, tenho todo o interesse em saber se o percurso académico do Primeiro-ministro é ou não impoluto.

Sobretudo agora, que o homem apelou de viva voz a que o tomassem por modelo e exemplo!!

Como eleitora e cidadã que é chamada a pronunciar-se nas eleições, tenho todo o direito de ver o assunto esclarecido e de saber se, em algum momento ou circunstância e a propósito do título académico ou qualquer outra matéria, o primeiro-ministro nos mentiu.

Com os meus cumprimentos.

sua

Maria
 
Perdão, enganei-me na despedida.

yours

Maria
 
Estou de acordo,
yours
Lord All-primo
 
Dizem-me:
.Que Sócrates queria muito ser engenheiro.
.Que esse desiderato estava mesmo ali ao lado - na Universidade de Coimbra.
No entanto, perferiu partir com destino a Lisboa - ISEL e depois Independente (cujo o curso não é reconhecido pela OE)

(por momentos ainda coloco a hipótese de Sócrates ter sido mal informado - não o avisaram que daquele não reconhecimento)

Perguntam-me se sei por que não se inscreveu, Sócrates, na Univ de Coimbra.
Respondo que não sei.

Esclarecem-me que não podia fazê-lo por não possuir certificado da conclusão do ensino secundário.

Que conclusão retirar? Que tem apenas o 9º ano?
Nãoooo, não posso crer e respondo: estão a brincar comigo!!!

Para me calarem, atiram-me que Luís Arouca só foi empossado no cargo de reitor da Independente em Junho de 96, motivo pelo qual o tal certificado de equivalencias é só viria a ser emitido 1 ano depois!!

Eu não acredito e acho que continuam a brincar comigo.

Sincerly yours

Maria
 
Olhe Caríssimo Lord All-primo,

Parece que o Irnério também sabe qualquer coisa...

Ora repare no comentário que deixou às 2.15 no Portugal profundo onde coloca Ernesto Jorge Fernandes Costa na reitoria da UnI entre Junho de 93 e Junho de 96.

Sou levada a pensar que, afinal, não estavam a brincar comigo!!!
Ou estavam? Estas dúvidas são aterradoras.

Maria
 
"numa universidade onde é possível elaborar planos de equivalência sem previamente o aluno apresentar todos os documentos comprovativos de exames feitos"
Essa parte está bem contada e é o comportamento normal nas secretarias das faculdades (estatais) (o processo fica pendente até confirmação das informações prestadas sob compromisso de honra).
Qual é o problema?
É normal e é assim que deve ser.
Eu até pensava existirem 'directivas' do tempo de Cavaco a mandar que assim fosse.
 
ah! a falta de elevação da oposição tem, ao que me dizem, razão de ser.

Por razões que não me adiantam, ouço apenas dizer que não é conveniente lançar pedras ao ar quando sabem ter telhados de vidro!!

Será?
Querem lá ver que as licenciaturas (nem todas, pudera!) após 25 de Abril foram revolucionadamente adquiridas!!
 
O Ernesto Jorge Fernandes Costa não é o Lord All-primo.Nem me lembra ir ao Portugal Profundo. E muito menos colocar lá algum comentário.

Quanto a ao problema de "elaborar planos de equivalência sem previamente o aluno apresentar todos os documentos comprovativos de exames feitos", parece-me isso impossível, pois não basta dizer que fez esta ou aquela cadeira: é preciso conhecer-se o programa da cadeira. Há cadeiras com o mesmo nome, mas não têm equivalência porque lhes falta no programa os conteúdos que são necessários para a equivalência. Esta é uma das razões porque algumas Ordens não aceitam determinadas licenciaturas de determinadas universidades.
Essa verificação acontecia. Mas parece que o simplex, tudo simplificou: tudo é possível. O melhor seria dar o canudo por razões genéticas. E não era de estranhar: os filhos de professores universitários já também são professores universitários; os filhos de médicos já também são médicos; os filhos de Juízes já também são juízes. O pai de Sócrates é arquitecto, por que é que o filho não havia de ser engenheiro?!...

Entendo que ser de esquerda não é defender de olhos vendados Sócrates e que não há duas medidas para analisar o bem e o mal. As máfias é que têm códigos de honra, defendendo os seus padrinhos a todo o preço. A esquerda sempre se definiu por uma coisa: o pensamento livre. E, por isso, nunca leve nda a ver com os jogos de encobrimento.

Primo de Amarante
 
Queria dizer: A esquerda sempre se definiu por uma coisa: o pensamento livre. E, por isso, nunca teve nada a ver com os jogos de encobrimento que, agora, se usam para não prejudicar o líder ou o partido. Mas o líder ou o partido não podem estar acima da justiça, da verdade, da honestidade e da transparência. Estes são valores que os justificam e não contrário.
 
"Como ganhar esperança num futuro desenvolvido por primeiros-ministros deste calibre?!.."

E precisamos de ganhar esperança?
Não nos basta a palavra dele?
(bastou para a UnI)

yours II
 
Só mais uma coisinha: o problema das equivalências é um problema da creditação e isso obedece a parâmetros estabelecidos e não a conversa de café. Tudo leva a crer que entre Sócrates e António Morais (que já tinha sido professor de Sócrates no ISEL e depois assessor de Armando Vara e, ainda, especialista de adjudicação de empreitadas, o que parece lhe ter mereido a nomeação de presidente do Instituto Financeiro e Patrimonial da Justiça, por despacho de José Sócrates (que nem o conhecia!...) e do Ministro da Justiça) têm na UnIndependente um percurso que segue de perto a canção “Lado a lado”. Tal como canta Tony de Matos:” Lado a lado meu amor,/ mas tão longe/ indiferença entre nós quem diria?!...”

“Indiferença, quem diria?!...” Tony é aqui premonitório. Já previa o fatalismo desta história e, por isso, eu estou com aqueles que desvalorizam as questões legais das equivalências.

Penso mesmo que o hino nacional deveria ser substituído pela canção “Lado a Lado” de Tony de Matos, em vez de “Às armas, às armas” cantarmos com a mesma força o refrão - “loucos que nós somo…”

É que ,é neste refrão que está um desígnio, o desígnio dos intervenientes nesta questão

E vejam: António Morais formou-se cá no Porto. Falei, hoje, com quem foi seu colega. Diz-me que não era muito inteligente, mas sobretudo esperto. E de Sócrates também se diz o mesmo. Estão “lado a lado”. É ou não isto um desígnio?!... E o destino tem muita força!!!
 
Não tenho qualquer espécie de dúvida em estarmos perante um desígnio. Muito menos ouso refutar a força do destino e a notável capacidade premonitória do Tony.

E, portanto, não havendo dúvidas, sosseguemos, afinemos as vozes e cantemos:

"Somos dois caminhos paralelos
Vamos pela vida lado a lado
Doidos que nós fomos
Loucos que nós somos
Não sei qual é de nós mais desgraçado

Lado a lado, meu amor
Mas tão longe
Como é grande a distância entre nós
O que foi que se passou entre nós os dois
Que nos separou
Por que foi que os meus ideais
Morreram assim, dentro de mim

Ombro a ombro, tanta vez
Mas tão longe
Indiferença entre nós quem diria
Custa a crer que tanto amor
Tão profundo amor tenha acabado
E nós ambos, sem amor
Lado a lado

Fomos no passado um só destino
Fomos um amor desencontrado
Doidos que nós fomos
Loucos que nós somos
Não sei qual é de nós, amor, mais desgraçado

Lado a lado
lado a lado"



Obrigada pelo notável momento de boa disposição que acaba de me proporcionar com o seu comentário.

yours

Maria
 
Também fico contente em lhe provocar essa boa disposição. È que não temos razões para andarmos felizes com os políticos que temos.

tal como os organismos vvos, as sociedades geram formas de regeneração. O 25 de Abril foi uma regeneração poética, a próxima não sei como será!

Mas virá!

Assim nos diz a história.
 
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