quarta-feira, abril 25, 2007

 

25 de Abril, bem longe do 25 de Abril!!!...

Em vez da festa, deveríamos fazer silêncio, lembrar a imensa noite de vigílias, sentir o balouçar do barco cheio de esperança que nos retirou duma noite escura e sem sonhos.

Pelo menos, tudo isto nos fazia sentir que houve um dia seguinte, o 25 de Abril, em que a poesia encheu as ruas, as palavras se acumularam acima das nuvens e um futuro se encheu de azul.

Hoje, estão longe, muito longe, as madrugadas de esperança. Um povo triste e incrédulo comemora o 25 de Abril com a liturgia de um feriado e toma o amanhã como um dia seguinte, onde é preciso tomar o pulso em cada minuto á fria espessura da vida.

O 25 de Abril ficou coado por uma oligarquia. Perguntamos: que seria de Pina Moura, se não fosse o 25 de Abril?!. .. Talvez já tivesse acabado o curso de engenharia mecânica e nunca se lembraria de tirar o curso de economia! Que seria de Sócrates, se não fosse o 25 de Abril?!... Talvez estivesse a dar aulas no ensino básico e não passasse por aquele embuste duma licenciatura em A4!... Que seria de Dias Loureiro, de Alberto Jardim, de Paulo Portas, José Lello e de tantos e tantos que nada mais sabem fazer do que jogos de poder e de ilusão?!...

O 25 de Abril está bem longe, tão longe que pouco dele resta: surgiram as universidades da contrafacção, a justiça não funciona, o ensino é um logro, a saúde um desespero, o trabalho um privilégio e os novos-ricos já provêm da nomenklatura dum centrão partidário que mal apanhou o poder entrou na roda do jet-set.


Os pobres, esses estão cada vez mais pobres e em maior número e os ricos cada vez mais ricos e em menor número.

Falta inventar a democracia, como diria Olivier Mongin. Falta-nos gente com sentido de Estado e espírito de Abril

O 25 de Abril fica longe, bem longe do 25 de Abril!!!...

Comments:
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Maria
 
Enquanto não inventamos a democracia, esperemos pela madrugada que nos trará outra substância do tempo.

Maria
 
Ao fim de trinta e três anos já era tempo... O Estado Novo durou 48... já não falta muito para igualar...

Concordo consigo, Compadre, onde estariam hoje os arrivistas se não fosse.... por aí, obscuros... a tecerem conspirações...ai se tiver tempo hei-de escrevinhar umas coisas acerca deste Portugal eternamente adiado.... já não há pachorra...
 
Maria, tenho a impressão que nos conhecemos? Será verdade?!...

Caro Amigo Cabral, houve quem conseguisse a contrafacção do “25 de Abril” São esses os que estão, hoje, no poder.

Como diz, hoje, o "Público", os homens que fizeram o 25 de Abril foram mal tratados e as esperanças de um Pais mais justo, onde o sofrimento dos que mais sofrem fosse diminuído, foram destruídas.

Mas valeu a pena o 25 De Abril. Ainda hoje, sinto vibrar em mim aquele dia: è certo que de uma forma contraditória: um sentimento de profunda alegria se mistura com uma profunda tristeza e revolta.
 
Não, não é verdade, primo. É só, mesmo, impressão sua.

Mas, não se preocupe com isso. Não somos caso único. Existem outros, como nós, que apesar do grau de parantesco (primos) também se não conhecem. :-)

Maria
 
"parentesco"

é cada calinada!!!
 
Eu sei que não é grave!

Jorge Amado dizia: «não conhecemos todas as mulheres bonitas e inteligentes, mas devemos fazer um esforço».

A vida é assim! Presumia que era minha colega e que a conhecia. O seu estilo (de escrita), pareceu-me familiar. Talvez esteja influenciado por um livro de que fiz a revisão:"Famílias e como lhes sobreviver» de Robin Skynner e John Cleese. No fundo, este livro (interessantissimo!)diz que pessoas que simpatizam mutuamente, têm caminhos cruzados.

Como vê, mais cedo ou mais tarde terei o prazer de a conhecer. Entretanto, vá passando por aqui e dê-me o prazer de a ouvir nos seus comentários.
 
Caro Primo:
Excelente post. Com um grande abraço do Rebeldino Anaximandro (António Monteiro Cardoso) aqui lhe deixo umas reflexões sobre o modo como o 25 de Abril foi "festejado" no Chiado.

Porquê uma tal sanha da polícia contra os ditos “anarquistas” no dia 25 de Abril?
O que se passou no Chiado no passado 25 de Abril, aparentemente um mero excesso policial sem importância, poderá pelo contrário ser um sinal revelador dos tempos que se vivem em Portugal e do que por aí se avizinha.
Para não ir mais longe, uma repressão deste tipo nunca ocorreu em casos semelhantes durante o governo PS de António Guterres e até mesmo, nesta escala, nos governos mais recentes do PSD.
Além da violência desmesurada da polícia, o facto de se tratar de uma manifestação antifascista, reprimida daquela forma no próprio 25 de Abril, festa da liberdade, em locais de forte carga histórica e simbólica, confere a este acontecimento um significado que largamente o transcende.
Na verdade, a actuação da polícia tem todos os ingredientes de um ensaio geral para uma banalização da repressão policial sobre os milhares de portugueses empobrecidos, que não terão outro recurso senão sair à rua a gritar o seu protesto contra a política mais reaccionária, que surgiu em Portugal, após o 25 de Abril.
Quando o primeiro-ministro gosta de ser comparado a Blair e é elogiado por Sarkozy, nada mais natural do que termos também a nossa repressão policial contra a “canalha”, para que os lucros dos bancos subam e as negociatas se possam continuar a fazer calmamente.
Como é evidente, esta nova face do poder “socialista” surge com todos os truques do glossário antigo e moderno da repressão policial, com a cobertura de uma comunicação social comprada ou domesticada, que retrata as vítimas como sinistros “anarquistas” e “terroristas”.
O primeiro truque é clássico e faz parte do manual: na manifestação seguiam tipos violentos. Porém, em vez de agir sobre eles, ataca-se tudo e todos, miúdos ou graúdos, desarmados e sem resistirem, e vá de os espancar à bruta. O que interessa é a repressão de massas, para instalar o medo. Os tais agitadores até dão jeito à polícia, se é que alguns não eram do serviço de informações da PSP. Aliás, esta vangloriou-se de há algum tempo seguir as actividades deste grupo. Alguém já ouviu falar em agentes provocadores?
Outro truque muito importante, os manifestantes são rotulados de “anarquistas”, de “extrema-esquerda” ou “antiglobalização”. Aqui dá-se um passo de gigante: há ideologias que não se podem manifestar, porque são violentas por natureza e comem criancinhas. Ilegalizações decretadas pela polícia, cobertas pelo mágico dos diplomas marados.
Outro truque, não menos requintado: a “extrema-esquerda” é o retrato simétrico da “extrema-direita”, são ambas violentas e não respeitam a legalidade. Ou seja, gritar contra o “fascismo” e a “exploração capitalista” é o mesmo que defender o “fascismo” e agredir e matar pretos e emigrantes. É natural que um governo que trabalha em favor dos mais ricos e contra os pobres não goste dos “slogans” da extrema-esquerda. Sente-se atingido por ela. É natural.
Outro elemento, que faria as delícias do “Diário da Manhã”. Como dizem alguns jornais, entre os manifestantes, na sua quase totalidade jovens, contavam-se negros e “rastas”, uns tipos com uns cabelos esquisitos.
Aqui tenta-se manipular os preconceitos racistas ou de mera intolerância de muito bom cidadão, ele próprio possível vítima da política deste governo e potencial alvo de um bom par de bastonadas, quando se vir com uma mão à frente e outra atrás.
O governo não é parvo. Com uma oposição descredibilizada, calada e conivente, com a comunicação social e sobretudo as televisões manipuladas, sabe que o principal risco vem da rua. A par dos “blogs” será esse o único espaço de contestação que resta. Assim caiu o Cavaco Silva, lembram-se da ponte?
É por isso que a polícia se lançou com tanta sanha contra uma manifestação irrisória, de um punhado de tipos exóticos. É que no Portugal de Abril, gritar contra o “fascismo” e o “capitalismo” incomoda e muito um governo “socialista”, dominado por traficâncias e pela direita mais reaccionária, admiradora dos Blairs e quejandos, que só pode merecer o repúdio dos cidadãos honestos deste país.
 
Bem vindo Anaximandro. Tinha saudades suas. Espero, um dia,conhecermo-nos.

Um grande abraço
 
Esqueci-me de lhe dizer: a sua análise acerta na mouche. Eu perfilho-a integralmente.

Mais outro abraço
 
Eu falava a sério!!
Conheço situações, que são para mim quase inexplicáveis, de pessoas que têm familiares, designadamente primos, que, por uma razão ou outra, não conhecem. E acho isto impensável. Era a estas que me referia.

Caminhos cruzados? Talvez, quem sabe!

Obrigada, eu irei passando. Ultimamente, com pouca propensão para comentar, mas para ler passarei sempre.

Maria
 
Leia o livro que referi. É da Edt. Afrontamento. É feito por um psicanalista e um cineasta que participou na psicanálise de grupo. Vai ver que é interessante e toca-nos.
 
Pois é... mais cedo ou mais tarde, "eles" vêm comer à mão... de facto, tanto mal que diziam de Guterres e, vai-se a ver, agora era um santo! Pois é, mas as carpideiras ao tempo não gostavam dele pois era católico... agora essas mesmas carpideiras até já falam dele... mas agora é tarde!!!A facção maçónica do PS não descansou enquanto não se livrou de Guterres... agora caras carpideiras, têm a "ética republicana" que merecem!!!
 
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