quinta-feira, março 29, 2007

 

AMOR COMO EM CASA


Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me perdem,
uma tarde no café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no.
amor como em casa.

Manuel António Pina

Comments:
Magnífico, denso e magnífico, na sua aparente simplicidade.
 
Eu gosto muito deste meu amigo, que conheço hà muitos anos e me levou para o JN. Tem tudo o que admiro numa pessoa: não é convencido, tem uma tendência anarquista, bate-se por aquilo em que acredita, não anda na roda da gente muito "importante" nem faz gala disso, escreve contos para crianças e é poeta, um bom poeta.
 
Não perco a última página do JN, diáriamente.
Aliás, últimamente só tenho vontade de ler a coluna, do Pina.
O resto é a correr.
 
Destaco esta: "Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,"
 
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