domingo, fevereiro 11, 2007

 

Assim vai a Justiça!!!...

Noticia, hoje, o JN:

«O processo em que Avelino Ferreira Torres, ex-autarca do Marco de Canaveses, foi condenado por abuso de poderes, pela utilização de funcionários públicos em obras particulares, está muito próximo da prescrição.

O caso transitou há dias para o Tribunal Constitucional (...)

Fontes judiciais explicam que os factos do processo (datado de 1996), qualificados como crime, prescrevem, na hipótese mais extrema, ao final de 10 anos e seis meses após a sua prática.

De crime de peculato a abuso do poder

(...) o acórdão do tribunal do Marco, datado de 11 de Junho de 2004, refere Junho de 1997 como última data das práticas alegadamente criminosas.

O recurso apresentado pelo advogado de Ferreira Torres na Relação do Porto serviu para lhe ser alterada a qualificação jurídica do crime.

O tribunal do Marco considerara que utilizar trabalhadores da Câmara em obras da quinta particular, dentro do horário de trabalho, constitui crime de peculato.

Mas os juízes-desembargadores disseram que tais factos só podem ser considerados ilícito de abuso de poderes.


De abuso do poder à prescrição

(...)em Fevereiro do ano passado diminuíram a pena de três para dois anos e três meses de prisão, confirmando, também, a perda de mandato.

Apesar da decisão favorável, Torres reclamou que, antes de ser alterado o crime por que foi condenado, deveria ter sido outra vez ouvido pelo tribunal.

Os juízes não lhe deram razão, mas o defensor do autarca tem prosseguido com recursos, protelando o trânsito em julgado da condenação.


No STJ, em Novembro do ano passado, os juízes rejeitaram-lhe o recurso, argumentando que a moldura penal dos crimes de abuso de poderes e de peculato de uso (inferior a oito anos de prisão) não o permite. Torres voltou a reclamar contra a não admissão do recurso, mas não conseguiu mudar a posição dos juízes, que confirmaram a decisão no final do passado mês de Janeiro.

Depois disso, o actual vereador na Câmara de Amarante já recorreu para o Tribunal Constitucional, alegando ter sido violado o seu direito de defesa e de recurso.

A prescrição

Basta-lhe aguentar o processo mais alguns meses sem que a condenação se torne definitiva para poder argumentar pela prescrição do crime (passaram-se 10 anos!...)

Se Avelino alcançar esta prescrição, ficará em posição mais confortável relativamente a outros inquéritos que ainda correm.

Entre outros casos, está pendente no tribunal do Marco um processo por alegada falência fraudulenta nas Confecções FT.

Na PJ do Porto são investigados ainda dois processos conexos com a actividade autárquica no Marco e o futebol
.

O mais sonante tem a ver com suspeitas de gestão danosa e peculato, mercê do aparecimento, em contas bancárias de pessoas próximas de Torres, de avultadas verbas provenientes de pagamentos efectuados por dívidas a empreiteiros locais.».

Mais palavras, para quê?!....
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Na imagem do funcionamento dos Tribunais, ver os mais famosos (acima da lei e à margem da justiça) em:

http://sic.sapo.pt/online/Images/Flash/Nosporca161005/slide_videos.swf

Comments:
Entretanto, Procurador Geral da República e Maria José Morgado, tentam credibilizar a Justiça, com o entretenimento do Apito Dourado e a corrupção no Futebol.
 
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Mas este também é um caso de contornos futebolísticos. E deve haver alguma razão no facto de Avelino gostar de se mostrar em público, no Marco, com magistrados que eram figuras conhecidas pelos lugares que desempenhavam em órgãos de tutela do Futebol.

Falava-se de um conhecido triângulo: autarcas, futebol e casas de alterne!
 
Sabem qual é o problema?

Na justiça portuguesa tal como em qualquer sistema de justiça de um país democrático.

Qualquer decisão judicial como qualquer decisão de outra autoridade, pode ser colocada em causa! Pode ser questionada!

Essencial! É ter dinheiro para percorrer todas as instâncias - pagando taxas de justiça e honorários dos Advogados - e isso, não falta a este cidadão!
 
Mas haveria de haver um mecanismo que não permitisse a prescrição de processos.

A prescrição (e parece que ninguém é responsável por isso!...) torna a justiça para ricos diferente da justiça para pobres e esta desigualdade descredibiliza o próprio sistema democrático e torna o sistema judiciário num logro.

Os magistrados, os seus órgãos de classe, deveriam ser os primeiros a exigirem a correcção do sistema para o tornar mais justo.

Por que será que assobiam para o lado?!...
 
Discordo, caro primo. Deve haver prescrição de processos, porque nada justifica que alguém seja perseguido criminalmente a vida inteira. O que me parece preocupante é ver como, em alguns casos, a prescrição parece ser tão normal, como se houvesse uma vontade clara de permitir que as prescrições ocorram.
 
Cá está um exemplo típico - a prescrição - da inoperância das instâncias competentes. Tal como no texto da corrupção, onde manifestei a minha discordância na inversão do ónus da prova, também nesta matéria estou em desacordo. Aliás, o que pretendia dizer já foi dito no comentário anterior, pelo Dr. Coutinho Ribeiro, que subscrevo.
O problema radica no demora da tramitação dos processos. Recorde o recente caso da Esmeralda cujo pedido estava no Tribunal Constitucional há dois anos!!! Pior do que decidir mal é não decidir. Muitos processos ficam tempo a mais no "mofo" das prateleiras dos gabinetes e tribunais.
 
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
 
Nunca entendi muito bem se existem ou não razões para a existência de alguma animosidade, que se vai sentindo e vendo, entre as magistraturas do MP e as judiciais. Mas, duma coisa estou convicta, o MP não usa, porque não quer ou simplesmente não sabe, todos os poderes e mecanismos legais que tem ao seu dispor. E enquanto assim for, não encontra respostas na alteração da lei, esticando os prazos prescricionais. A solução é outra, como sabe.
A tendência é para pegar nos processos simples, pequenos, de matérias faceis e cujos despachos importa datar e, expresamente, mencionar que foram elaborados à noite ou ao fds!!
 
A prescrição pode resultar do mau funcionamento do sistema, do desleixo de quem opera no mesmo, ou, então, da complexividade do caso em julgamento.

Penso que as prescrições que acontecem são o resultado de habilidades processuais. Representam uma viciação da Justiça, que dá vantagens aos "chicos espertos" com dinheiro.

A prescrição é o buraco negro da justiça. A culpa de um crime prescrever não pode, num estado de direito, morrer solteira. É preciso descobrir por que acontece e, se houver incompetência ou desleixo ou deficiências, punir os responsáveis ou corrigir as lacunas do sistema.

O que não podemos é continuar a conhecer criminosos que se tornam impunes, porque, tendo dinheiro (muitas vezes roubado aos contribuintes que pagam os seus impostos para que a Justiça funcione!) conseguem, aos olhos de todos, levar os seus crimes à prescrição. Não prescrevem: são levados à prescrição. E isto marca a diferença!

No meu entender, num estado de direito, a prescrição só se justifica em casos limites, de uma complexidade que ultrapassa o normal funcionamento do sistema. Mas, não é dessas que falo: as que repudio (e são a maioria) são prescrições obscenas.

Já de antemão sabemos que com aquele indivíduo o crime vai prescrever. Não acha isto obsceno!?...
 
"Penso que as prescrições que acontecem são o resultado de habilidades processuais." Quer parecer-me que isto não será inteiramente assim. Qualquer habilidade processual carece da anuência de quem tem que a decidir e apreciar. Dito de outro modo, ainda que seja uma habilidade processual cabe a quem tem o dever de apreciá-la destruir-lhe a alegada habilidade. Ou não será assim? Isto faz-me lembrar as desculpas que ouço aos professores universitários: "o defeito está no ensino básico", "estes alunos nunca deveriam ter chegado ao ensino superior" e, chegado o fim do ano, passam-nos. Bolas, se o que sabem não é suficiente para chegarem ao ensino superior como conseguem depois passá-los?

"A prescrição é o buraco negro da justiça. A culpa de um crime prescrever não pode, num estado de direito, morrer solteira. É preciso descobrir por que acontece e, se houver incompetência ou desleixo, corrigir ou punir os responsáveis." Absolutamente de acordo.
 
Não culpe os advogados, primo. Os advogados são para isso mesmo, para explorar as fraquezas de um sistema que não devia ser fraco. Não é grave que os advogados as explorem. Nem é grave que a lei estipule prazos. O que é grave é quem tem outros deveres os omita.
 
È evidente que o problema é do sistema. Mas o sistema, permitindo que a justiça não se faça, é injusto.È preciso corrigi-lo. E ninguém parece interessado nisso nem em punir eventuais desleixos.
 
Para mim a resposta é muito simples, os processos prescrevem porque, o Ministério Público, mas até mais os órgãos de polícia criminal não definem prioridades.

Os first-line-enforcer do crime andam aí atrás de um pobres coitados "zés do telhado" e "Chicos Fininhos", e não se preocupam com a caça grossa, com o que verdadeiramente anda a corroer sociedade.
 
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