quarta-feira, janeiro 10, 2007

 

Pos-scriptum

Noticia a Lusa -- “socialistas católicos com cartazes contra o aborto”.

De facto, o PS é o partido onde proliferam facções com muitas crenças particulares e poucas práticas de cidadania comuns.

E são tantas as facções, sem denominador de cidadania comum, que já ninguém sabe se a sigla “PS” significa partido socialista ou post-scriptum!

Comments:
Ainda bem que há militantes no PS que são Católicos, Primo! Então não acha que tal será uma mais valia? É mais plural...

Vá lá, não renegue as raízes, ok?

Um abraço!
 
Acho que a fé não devia misturar-se com a crença. Como católico eu tomo posições de católico; como socialista eu tomo posições como cidadão. Haver socialistas católicos é uma coisa; outra é puxar a sigla do socialismo para apregoar as minhas convicções católicas. Misturar o trono com o altar sempre deu maus resultados.
Um abraço
 
Reparo , agora, que disse o que não queria dizer. O que eu queria dizer é que não se deveria misturar a fé com a cidadania, a crença com a política partidária.
O que diria, o meu amigo, se os socialistas islâmicos ou os hindus, quisessem tomar posição sobre a educação ou o aborto?! Também haverá socialistas islâmicos e hindus e o padrão que serve para os católicos necessariamente terá de servir para os islâmicos ou hindus que estiverem inscritos no PS. etc. Penso que os católicos como católicos, os islâmicos como islãmicos, se acharem que é um seu imperativo de consciência pronunciarem-se sobre o aborto devem fazê-lo, mas não precisam de argumentar com o guarda-chuva do socialismo. Só se quiserem misturar planos que não são os de "dar a César o que é de César". Não vivemos numa teocracia!
 
Estou a ver a sua posição...sabe, é o confronto de diversas forças, dentro do PS, que está em jogo: duas visões muito distintas da vida, que se digladiam entre si, dentro (imagine-se!) do mesmo Partido…e isto a propósito de muitos temas, que não só este agora aqui em causa…
 
O problema é que os partidos abandonaram as razões que davam sentido à sua existência e, por isso, perderam muita credibilidade. A razão dum partido é tomar parte por uma determinada forma de organizar o Estado. O partido socialista surgiu com a necessidade de promover um modelo de organização do estado que faça com que os que mais sofrem, sofram de cada vez menos. Não teve na sua génese a salvação das almas. Este propósito não diz respeito aos políticos, mas aos crentes. Não se deve misturar o modo de organizar o mundo terreno com o modo como uma religião pensa o mundo sobrenatural. Há, por natureza da fé, uma diferença entre o cidadão e o crente. Mas, infelizmente, os partidos descambaram para grupos de interesses particulares, onde vale tudo, e pouco preocupadas com o serviço do bem-comum terreno. Não percebo que se precise de juntar ao socialismo a característica de católico ou muçulmanos. O socialismo é um projecto de organização do estado que deve estar aberto a católicos, a protestante, a islamistas, etc. E parece-me que é perverso e só serve para descrédito do partido e das religião publicitar a ideia de católicos socialistas. Abriu-se uma porta por onde podem entrar outras religiões com eventuais conflitos desnecessários. È importante avaliar as consequências da criação de confusões. Quem abre a porta terá se assumir as consequências.
 
Pois..as suas considerações são pertinentes, mas sabe? Se existe um grupo assim denominado - socialistas católicos - é para o diferenciar daqueles que frequentam as Lojas, percebe não é verdade? E s posições estão ( estarão sempre, creio) exremadas. Não existem pontes...
 
Um erro não se justifica com outro erro. Sei que a maçonaria influenciou uma concepçao de socialismo, como os católicos progressistas, protestantes, e outros. E isto é diferente de abrigar o catolicismo, ou a maçonaria debaixo da bandeira socialista. Não conheço que ninguém publicamente se anuncie como maçónico socialista. Só depois de morrer é que por vezes aparece essa designação para classificar a pessoa que faleceu e não para caracterizar uma corrente socialista. Sabe que há maçónicos em todas as ideologias e crenças. Recentemente, anda por aí um livro que diz que para elém de D. Barroso, também D. António era mçónico.
 
pois..mas sabe que isso é perturbador...diz-se que no seio da Igreja a maçonaria conseguiu infiltrar-se, precisamente para a destruir...é trágico...
 
Essa ideia da conspiração externa já foi desenvolvida noutras alturas e só serviu para o que todos nós conhecemos.

Mal iria uma Igreja, que se diz representante do TODO PODEROSO na Terra, ser susceptível de destruição por "inimigos internos".

Veja, amigo Cabral-Mendes, como estão pusilâmides e com falta de confiança na sua fé, os que a seguem!!!!...

É chocante, não é!
 
Não é falta de confiança na nossa Fé, caro amigo, mas apenas o reconhecimento de que, mesmo a nível interno, esta Igreja terrena tem o Inimigo a atacá-la...

Mas sabemos que um dia....ela será triunfante, pesem embora os sofrimentos de percurso...
 
Parece-me contraditória essa proclamação de triunfo da fé e ao mesmo tempo uma proclamação de profundos receios da invasão de inimigos internos. Será crise de fé?!..

Olhe, eu não sou da maçonaria, nem da opus-dei, nem estou interessado em nenhuma destas obediências. Nesta matéria prefiro obedecer a mim próprio e, mesmo assim, por vezes caio na rebeldia.

Participei, no entanto, num congresso, aqui no Porto, sobre a maçonaria. Nele esteve, o grão-mestre e um Jesuíta espanhol, da Universidade de Comilhas, que dizem ser da maçonaria. Este universitário e sacerdote orientou o doutoramento do meu amigo José Manuel Moreira, professor da U. Aveiro e da U. Católica. Este professor universitário era, ainda há pouco, ministro de Deus. Penso que é assim que é designado quem dá a comunhão.

Também, como é da história, D. Barroso foi da maçonaria. Há quem diga que D. António Ferreira Gomes era rosa-cruz. E se conhecer o seu testamento, desconfia que é verdade.

Eu nunca percebi o receio que alguns católicos têm da maçonaria, nem os receios de alguns maçónicos da opus-dei!

O laicismo que defende a maçonaria e é tão combatido pela opus-dei e por alguns fundamentalistas cristãos, não se justifica no nosso tempo. O Estado laico é uma boa conquista da modernidade: permite que muitas crenças possam existir num mesmo Estado, partilhem preocupações, sem se perseguirem umas ás outras.

Hoje já não há a carbonária com os mata-frades e todos sabem que, ao nível de intelectuais, as diferentes instituições maçónicas recebem católicos. E é enriquecedor esta partilha de culturas que na sua história tiveram muitas preocupações comuns: como a da liberdade, fraternidade e igualdade.
 
Pois...acho que o meu amigo tem uma visão muito optimista dessa confluência de que fala...eu sou mais pessimista. Creio que até poderá existir um certo aliciamento por parte da maçonaria para, e num primeiro momento, captarem adeptos e infiltrarem-se nas hostes cristãs, digamos assim...para, mais tarde, adulterarem os fundamentos da fé católica...veja-se já a confusão que aí vai com os defensores do antes e do depois do Vaticano II...os primeiros afirmam que esta não é a Igreja que segue a tradição, que está precisamente minada pela maçonaria...por aí..
 
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