domingo, janeiro 07, 2007

 

Dia de montaria

Ontem participei, como convidado, numa montaria organizada pela Casa do Pessoal da RTP. A jornada decorreu em Macedo de Cavaleiros

A cultura urbana despreza estas iniciativas, considerando-as, geralmente, bárbaras. No entanto, um dos maiores pensadores do século passado, José Ortega y Gasset, no seu ensaio”Sobre a caça e os touros” afirma que “a caça, no seu melhor estilo, fez que sempre fosse considerada como uma grande pedagogia, como um dos métodos preferidos para educar o carácter”.

Não é, como muita gente pensa, o objectivo da caçada matar, mas apoderar-se da rês.
Não se lhe pode atirar, se estiver parada e, fora dos períodos cinegéticos, o caçador deve saber olhar pela caça, protegendo-a de outros predadores e promovendo as melhores condições ao seu desenvolvimento.

O respeito por regras e pelos animais é o que define o bom caçador ou pescador. Aquele que envenena os rios não é um pescador e aquele que caça nos locais onde a caça è protegida ou durante o defeso, tem a desconsideração de todos os caçadores.

A montaria começou com um suculento mata-bicho e a animação dos “Caretos de Podence”. Depois, foi a entrada no perímetro de caça levados por autocarros e, em seguida, por potentes tractores para as portas da mancha da montaria. No final, houve o grande almoço, com o baile e a passagem de modelos vestidos pela Autuno, uma empresa que produz roupa de caça.


Caçaram-se 12 javalis, mas este vosso amigo só viu passar uma raposa. Foi a sorte que teve!

Encontrei velhos amigos e o dia foi ocupado com a felicidade de me sentir submerso na natureza, envolta num enorme nevoeiro.

Comments:
Não sou amante da caça e tenho mesmo alguma dificuldade em perceber o que faz correr os caçadores. Esta introdução serve para que perceba o quanto foi eloquente na defesa da caça: quase me convenceu!
Deve ter sido uma festa e tanto! Todo esse convívio e contacto com a natureza devem fazer desses momentos, momentos únicos.
 
"quase me convenceu" disse o meu olhar. E eu digo o mesmo. Quase me convence acerca do assunto e, como é a segunda vez que fala no ensaio ”Sobre a caça e os touros”, estou decidida a adquiri-lo na próxima vez que entrar numa livraria.
Quanto ao mais, fico contente que tenha tido um bom fim-de-semana, sobretudo com os ingredientes que tanto aprecia: os amigos e a natureza.
ln
 
Obrigado "o meu olhar" e "in" pelas considerações amigas que fizeram. Muita gente desconhece que o «povo», em todas as revoluções,a primeira coisa que fez foi saltar as cercas das coutadas ou demoli-las para caçar levres ou perdizes, em nome da justiça social. Talvez , por isso, um revolucionário historiador da "Frente Popular" manifestou-se irritado com o facto do resultado mais visível das revoluções ser o aumento de caçadores e pescadores.
Como vêem não estou sozinho. Além disso, um mata-bicho (lauto pequeno almoço) só por si justifica a faina.
 
Sabem quantas pessoas estavam nesta caçada ao javali?

Caçadores (e também caçadoras - havia uma velhinha (alentejana) numa porta perto de mim) eram 245 e no almoço, com acompanhantes (esposas e filhos), estavam cerca de 500 pessoas.
 
"Além disso, um mata-bicho (lauto pequeno almoço) só por si justifica a faina." Se justifica!!!
Que saudades doutros tempos, aqueles em que alguns dias de auxilio, em tempo de férias, na labuta do campo permitiam privar de perto com gente simples, genuinamente humilde, solidária, de invejável serenidades e com exemplos de vida que eram verdadeiros e precoces ensinamentos para a vida.
A meio da manhã, e depois de algumas horas de trabalho, o tão desejado mata-bicho ou bucha com o curto, mas merecido, descanso à sombra duma árvore.

Porque não vejo qualquer mulher nas fotos?
ln
 
Abri a caixinha, comecei o comentário, atendi um telefonema, retomei o comentário e publiquei. Reparo agora que se antecipou e já respondeu à minha pergunta.
Uma caçadora velhinha?? não pude deixar de sorrir pela qualificação que lhe dá. Estamos a falar de que idade, só para que possa ter a noção do que considera velhinha?
ln
 
Não vê, mas havia muitas, como anteriormente referi. Eu tb filmei e lá aparecem as senhoras, umas muito novas e outras já mais da minha geração. Até lá estava uma ex-aluna, com quem estabeleci uma agradável conversa. Não sei colocar o filme.
 
A idade da velhinha é semelhante à minha!
 
Que pena, mas não o posso ajudar por mais vontade que tenha. Também não sei como se faz.
Lembrei-me agora dum bom amigo da covilhã que é caçador e não perde uma caçada ao javali. Muito provavelmente, era um dos 245.
ln
 
Então, ainda é uma jovem. :-)
Valente senhora, imagino-a de espingarda ao ombro (ou será ao peito?) e pronta a disparar sobre a fera.
 
Provavelmente. Em relação às caçadoras, só houve um pormenor que me intrigou: não havia entre elas quem fosse elegante. Todas elas eram muito redondinhas (baixinhas e gordinhas). É que eu com a caça fico sempre mais elegante. A minha mulher, no tempo do defeso (da caça, compreenda-se!...) costuma dizer-me: oxalá que chegue a caça para emagreceres. Ora, com as caçadoras parece-me que acontece o contrário.
 
Na caça, a arma leva-se sempre segurada com as duas mãos e encostada ao peito; ao ombro é no serviço militar.
 
Pois. E as caçadoras caçam, porventura, alguma coisa? Isto é, vão á caça para palmilhar serra e mato, à procura da caça, ou vão para passear a espingarda? :-)
É frequente encontrar mulheres na caça? Tinha ideia que era um hobbie, essencialmente, de homens.
ln
 
Como vê, percebo imenso de armas e da forma como devem segurar-se. Nunca tive qualquer fascínio por elas. As poucas vezes que peguei nelas foi para testar a minha pontaria naquelas barraquinhas das feiras, onde o objectivo é derrubar não sei quantos objectos para conseguir um boneco!!
ln
 
No Norte é raro encontrar mulheres a caçar(cinegeticamente, entenda-se), mas no sul, no Alentejo, dizem-me que é vulgar.

Nas revistas de caça vê-se muitas mulheres, mas penso que isso é mais propaganda da caça turistica.
 
Aprendi mais hoje sobre caça do que em todos os anos anteriores. Quando tiver um tempo mais liberto de trabalho procurarei ler umas coisas mais sobre o tema.
Um dia destes podia publicar alguma coisa sobre pesca que sei que gosta e pratica e a mim também me agrada.
ln
 
Mas ainda o mais importante da caça é o convívio. No próximo sábado, o produto de uma caçada no Alentejo será tornado num repasto para amigos. Estarei na Eira do Bica, um restaurante esplêndido que se situa aí, bem perto de Viseu, em Vouzela. Daqui do Porto partirão dois carros com amigos (aquele grupo que foi à Amarante)que, inclusivamente, não caçam.A caça é confraternização, sobretudo.
 
Começo a sentir alguma inveja dos seus fins-de-semana, ora é serra, ora são montarias, ora são repastos oriundos do Alentejo, etc. Vida boa, bons convívios.
"No próximo sábado, o produto de uma caçada no Alentejo será tornado num repasto para amigos." De quantos caçadores falamos? E se não conseguirem qualquer peça de caça, o que será o vosso repasto? Ou não coloca a hipótese de virem de lá "de mãos a abanar"?
Se, por algum motivo, não houver repasto no Eira da Bica (passos de vilharigues) dê um pulo à Quinta da Cavada, mesmo em Vouzela, e peça (sugestão minha) umas migas de bacalhau ou uns nacos de vitela que são óptimos. Costumam servir bem. E depois, não vá embora sem levar uns pastéis de Vouzela do "Café Central", junto à Igreja da Misericórdia, são os melhores. E que seja um bom sábado.
ln
 
Também já lá fui. O repasto resulta das caçadas. Com um grupo de Vouzela costumo fazer uma caçada no Alentejo e depois juntamos as "peças" e fazemos um repasto para todos os que participaram na jornada e alguns velhos amigos. Aqui do Porto já vão dois carros, com gente que esteve nos anos 70 comigo no mesmo LAR (Lar da JUC). Não sei quantos seremos ao todo, mas andará pelas dezenas. E mais de duas!

Sabe: começamos a perceber que já temos pouca vida para pulsar a amizade que construimos durante muitos anos.
 
Pronto, não digo mais nada. Ou melhor, desabafo: mas que pretensiosa que sou achar que podia dar-lhe alguma novidade. :-)

Olhe, se o tempo se mantiver assim irão ter, certamente, um bom sábado para um explêndido convívio e, de forma esgotante, pulsar essas amizades de que fala tão carinhosamente.
Desejo-lhe um bom fim-de-semana e espero que corra tudo pelo melhor.
ln
 
Obrigado.

No Domingo já estou numa montaria em PÓ, Mogadouro. Saio às 5 da manhã.
 
Já não vou. Um dos meus companheiros adoeceu. E ja vamos menos à Eira do Bica
 
Bolas, isso é que foi aborrecido. Mas não irão faltar outras oportunidades.
Experimente ver as coisas pela positiva: não precisa de se levantar às 5h da manhã. :-)
As melhoras para o seu amigo, espero que não seja grave.
ln
 
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
 
À última da hora, ainda houve forças para depois da comezaina na "Eira do Bica" ir à montaria.

Como é a segunda vez que nada trazia para a minha mulher, consegui encontrar rosas vermelhas para lhe oferecer. Fiquei bem na fotografia e também me senti bem. Para além do vício da caça, de ser republicano, sou, não tenha dúvidas, um romântico (possivelmente “não-tropo”).
 
Estava convencida que a sua esposa o acompanhava nesses convívios!! Se assim não é, espero que tal se deva exclusivamente à falta de vontade dela já que são muitos fins-de-semana fora!!!
Claro que não tenho dúvidas e aproveito para o instigar a sentir-se bem mais vezes, que é como quem diz: ofereça mais vezes flores à sua esposa. Você sente-se bem e ela agradece e fica feliz, com certeza.
ln
 
E já viu o ramo no post?!...Olhe que é lindissimo.
 
Quanto á questão da minha mulher me acompanhar ou não, no princípio isso ainda era problema, hoje já toleramos um ao outro este tipo de defeitos. Só o que me "chateia" é ter de ser eu a fazer o lanche para levar, pois ela só me coloca na saca uma lata de atum. E sabe que não gosto de atum!
 
Já vi o post, achei graça aos repovoamentos e ... deixe lá... o que a idade tira numas coisas dá a mais noutras. :-)
Que posso dizer-lhe acerca deste seu último comentário?
Que acho fantástico que a sua mulher, sabendo que o Primo não gosta, lhe coloque na saca uma lata de atum. :-) (Eu detesto atum)
Estou convencida que a sua mulher lá terá os motivos dela para agir assim.
Não, não se trata de solidariedade feminina. Eu é que quase advinho algum comentário menos abonatório aos lanches que eram preparados por ela e, em alternativa, também concordo que uma lata de atum é uma boa solução e não deixa de ser uma acto pedagógico!!
(Não leve a mal o que acabo de escrever mas apeteceu-me brincar com a situação.)
A tolerancia e a aceitação dos defeitos do outro são ferramentas vitais para alimentar uma relação matrimonial. Portanto, caro amigo, comece a elogiar os lanches da sua mulher e talvez seja surpreendido com melhores lanches. :-)

Tem razão, o ramo é lindíssimo.
 
"o que a idade tira numas coisas dá a mais noutras" - Querida amiga, não tenho topado isso. Antes, pelo contrário...
 
Não? Então, e a abundante sabedoria e experiência acumulada com que nos tem prendado não são uma mais valia da idade?
 
ja vi k temos algo em comum a caça!!!!mas ha uma pequena diferença,eu kero é matar matar matar matar
 
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