terça-feira, dezembro 19, 2006

 

POEMA II















queria dizer-te como as minhas mãos te procuram.
como há um sentido próximo à nossa delicadeza.

queria que soubesses a música. o mar dentro da concha.

um gesto com o pesar da sede. a coincidência da paz.

queria que regressasses bebendo deste poema anelante.

a tempo de escutares a impassível alma dos pássaros.
desentardecendo a meu lado. azulando a última flor.

porque tudo se levanta no murmúrio breve do outono.

tudo se perpetua. tudo se reacende. tudo se comemora.
unindo as águas dos sentidos à mais longa hora do dia.
suspendendo docemente um dos lados do esquecimento.

e tudo procura uma voz. um rio. uma irreversível alegria.
uma inspiração. um gesto interior ao coração do tempo.

uma palavra pulsando fremindo a folhagem da ternura.
as mãos cercando o teu corpo. a tua voz diluindo a sede.


daniel gonçalves

Obs.:este poeta tem o blogue:

afectos e palavras-
http://afectosepalavras.blogspot.com/


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Enviado por Amélia Pais
http://barcosflores.blogspot.com
/http://cristalina.multiply.com/

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