quarta-feira, dezembro 27, 2006

 

A memória de um amigo

Estava a ler o “Público”, quando a notícia implacável me chegou: José Leal Loureiro faleceu. Não sei o que li a seguir, mas lembro-me de ter recordado as reuniões que tivemos, muito antes do 25 de Abril, num andar que ele alugara num velho edifício, bem perto da Sé do Porto; de sentir o tapete onde nos sentávamos numa sala grande do seu andar para discutir e preparar algumas acções de intervenção política; de ter pensado na sua companheira dessa altura, a Isabel; de me vir à memória os tempos em que o visitei em França, onde esteve fugido à prisão; do que ele me disse, quando um dia me viu a ler “A Teoria da Revolução” de Vladimir Ilitch: «Deixa o Lenine! Lê bem Karl Marx -- nele está tudo o que é preciso saber». Lembrei-me da “Afrontamento”, da “Confronto” e da “Regra do Jogo”; de ter estado com ele nas Edições “Afrontamento” e na "Cooperativa Confronto”. Lembrei-me de Sartre. O José Leal Loureiro conhecia-o e trouxe-o ao Porto, logo após o 25 de Abril. Lembrei-me dos “Cadernos de Circunstância”, de muitos amigos comuns e senti que também estava já na fila da implacável lei da vida.

Ainda quis ir ao seu funeral, mas, sem saber como, perdi-me no trânsito. E que iria lá fazer? Ouvir falar de amigos comuns que já partiram, ver sofrer gente de quem gosto!?...

Regressei a casa. O José Leal Loureiro compreenderá por que não estive na sua última despedida. Até breve, José!

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