quarta-feira, dezembro 13, 2006

 

Estou banzado!!!!...

Noticia, hoje, o “Público”: «Número dois do DIAP onde se investiga “Apito Dourado” aceita cargo na Federação de Futebol». E a notícia acrescenta. «O outro vice-presidente daquele organismo (Conselho de Justiça da FPF) é outro magistrado». Mais adiante, referindo-se a um destes magistrados, escreve-se: «ao magistrado em causa estão afectas as investigações dos crimes mais complexos» da corrupção no futebol.

No mesmo Jornal, e na página seguinte, vem outra notícia: o Presidente do Sindicato dos Ministério Público insurge-se contra o Governo, nos seguintes termos: “O poder político, sempre tão zeloso na defesa dos direitos, liberdades e garantias não foi capaz de transmitir uma palavra de apoio, de incentivo, de solidariedade aos elementos que conduziram a investigação deste caso» (referindo-se ao “Apito Dourado”).

O dirigente sindical nada diz sobre a aceitação de cargos (nas condições e no contexto em que são aceites) nos órgãos da justiça da FPF pelos magistrados. Também não se percebe que palavra haveria de ter o Governo, sem correr o risco de ser acusado de se imiscuir num assunto que é do foro da Justiça! Além disso, não estará nas mãos do Ministério Público fazer aplicar a «defesa dos direitos, liberdades e garantias»?!...

Acreditem: estou banzado!!!!...

Comments:
Estão a ver como eu tenho razão relativamente a esta III República? E não me venham falar da democracia, que esta, coitadinha, virtudes não tem nenhuma! É uma P...ta!!! (sem desrespeito para as ditas...).

Alors? Temos de avançar para a IV República que varra estes vendilhões do templo...
 
Se não fosse a democracia não poderia o meu amigo ou eu fazer os comentários que fazemos. Só em democracia é possível a critica e a critica é o àcido que corroi o erro, a perversão.
 
Banzado é muito pouco para o que o meu amigo leu. Hoje, sou eu que digo: estou horripilada!! Li e não acreditei. Como é possivel que vivendo nós em clima de absoluta suspeição os magistrados em causa permitam (dei azo) que os nomes sejam indicados para...
E se aceitarem...bem, é o "fim da picada"!!!
Naquele jornal pode ler-se, a dada altura, o seguinte: "Almeida Pereira e João Ramos serão ainda acompanhados, noutros cargos dirigentes, por actuais arguidos do Apito Dourado."
Quem sabe a ideia não seja introduzir um novo conceito de justiça ou mecanismo judicial como por exemplo: a mediação nos litigios futebolísticos por quem conhece os acntos à casa!!!
Aguardemos para ver se as indicações são aceites e ver a postura, se é que haverá, dos CSM e CSMP.
Só uma pergunta: entre tantos magistrados (judiciais e do MP) porque haviam de ser indicados apenas OS DOIS que tiveram participação activa nos casos de corrupção desportiva e afins?
ln
 
Fiquei foi banzada com o comentário do Caro Cabral-Mendes!!!
Entao, a democracia não tem virtude alguma? Óh, valha-me Deus. Afinal, defende o quê?
Gostava de entender qual é a formula que tem em mente para conseguir, na IV República, varrer "estes vendilhões do templo... "?

ln
 
hum...Caro Primo e cara In, democracia sim, claro, que sem ela efectivamente nem existiriam os blogs...ahahah...

Mas não desta forma, que o pessoal confunde o conceito com libertinagem...quero dizer que este esquema político, a orgânica constitucional instituída nesta III República não favorece a responsabilização efectiva dos agentes da corrupção, dos tráficos de influência; não evita os (novos) comportamentos esquizoides que, diga-se, na minha infância e juventude não existiam: estou a lembra-me de um bom exemplo: o ambiente que se vive nas escolas, nas C+Ssss...a violência, o facto dos alunos irem armados para a escola, o seu desinteresse, os professores que estão reféns destes, destes pseudo-alunos que para ali estão "plantados" sem qualquer objectivo a não ser “matar” o tempo...vender droga impunemente; envolverem-se em luas de “gangs”.

E que dizer da violência nas ruas, os roubos, os sequestros, os assaltos à mão armada perpetrados por marginais mais bem armados que as Polícias (PSP, PJ e GNR) todas juntas?)

Então, o Estado demite-se, nesta III República, das suas funções?

A democracia não pode esgotar-se no simples "slogan" de liberdade para berrar na rua ou no jornal ou nos blogs (que o poder instituído, qualquer que ele seja, está-se " nas tintas" para isso; quer lá saber que a "malta" grite ou lhes chame nomes! Se eles fazem o que querem, ignorando olimpicamente os eleitores!

Os cães ladram e a caravana passa não é verdade?

Seria necessário um Estado forte, e não mínimo, como está na moda, para assegurar a paz social, para garantir que todos e cada um dos cidadãos cumpram com os seus deveres e não considerem, erroneamente, que apenas têm direitos; é esta falsa percepção da realidade que inquina a mentalidade dos portugueses. Confundiram o sistema democrático com a licença para tudo fazerem sem darem contas a ninguém e atropelarem os direitos dos demais…isto é postura que se tenha em sociedade? Não, pois não? Alors…é isto que é perturbante.

Direi apenas que foi assim, pelo desrespeito demonstrado por largas franjas da sociedade, pelo descalabro da paz social, pela turbamulta instalada, que a I República, ela e apenas ela, abriu as alamedas por onde passeou, triunfante, o Presidente do Conselho Oliveira Salazar.

Mas parece que os portugueses não aprendem com a História…


Cumprimentos, e com gosto por estas "tricas"...
 
O grande problema é saber se o sistema da Justiça, tal como funciona, é autoregenerável. E, se não é, como poderá ser regenerado, salvando a sua independência?!...

Confesso que isto preocupa-me muito. Mas não sei se os sindicatos dos magistrados estão também preocupados! O que agrava o problema.
 
Parece-me que estamos todos de acordo numa coisa: as instâncias de fiscalização e aplicação da lei não funcionam!!! Ou seja, talvez não fossem necessárias grandes revoluções, bastava que elas acontecessem ao nível das cúpulas. Parece-me, do que vou vendo e lendo, que outra conclusão não pode ser extraída que não seja: o "mal maior" está ao nível das cúpulas hierárquicas. Afunilem o regime das incompatibilidades entre actividades, aumentando o respectivo elenco nas diversas áreas, e sancionem os infractores e verão que teremos uma grande parte do problema resolvido. Quem fosse politico ou deputado não deveria poder acumular o exercício de outras funções. Quem fosse juiz ou procurador não deveria poder exercer outras funções, quem fosse advogado idem, idem, aspas, aspas!!
A grande promiscuidade e a permeabilidade resultam dai, da acumulação de cargos políticos com gestão de dinheiros privados e públicos e da absoluta impunidade quando são detectados.
Outro aspecto, ainda não consegui ler, em lado algum, se existe ou não processo instaurado pelo Sr. Procurador Carlos Teixeira quando tomou conhecimento de que foi seguido e reconheceu um dos perseguidores? Ora será que apenas agora vai ser instaurado?
Porque não se actua (investigam) estas coisas quando se toma conhecimento delas? Não cabe ao MP a investigação de qualquer ilegalidade? nomeadamente em representação do Estado Português? Então que tipo de solidariedade pretende o Presidente do SMMP do governo/estado? Não eles próprios, em muitas situações, o próprio estado em actuação?
ln
 
Quando deixei o comentário que antecede não tinha lido o blog WWW.corporacoes.blogspot.com. Depois de o ler vejo que concordo, nesta matéria, com o que ali se explana, havendo sintonia entre o que aqui quis dizer e o que lá está escrito.
ln
 
Ouvi a sintese da proposta que saiu da reunião do SMMP e não consegui descortinar nada de novo, apenas mais do mesmo: vitimização e pedido de auxílio em forma de solidariedade!!!
Mas não é o MP que, face à lei Portuguesa, é o detentor do poder de inquérito/investigação?
Se é, e ainda que se admitisse uma chamada de atenção à falta de meios, de solidariedade (com a qual, de resto, discordo por não a considerar publicamente necessária), etc, deveriam depois, e no mínimo, passar uma mensagem inequivocamente reveladora duma postura futura de verticalidade, de aumento de rigor nas futuras investigações de todas (mas mesmo todas) as factualidades susceptiveis de configurarem ilícitos criminais e, portanto, sob a alçada do MP.
Lamentavelmente, não foi isso que ouvi. Mais, se o cidadão comum estava descrente a conferência que supostamente poderia ajudar a clarificar este clima de suspeição em nada contribuiu para o minimizar. Aliás, fico deveras mais preocupada pela total ausência duma palavra de confiança dirigida aos cidadãos cumpridores. O que se ouviu foi, sem dúvida, um discurso de alguém que se sente impotente e que, quiça milagrosamente, pretende superar essa impotência com o aval público duma solidariedade governativa. Tenham santa paciência. Ora invocam a separação de poderes (para escapulirem ao que chamam ingerência política) ora chamam o lobo para se lhe meterem na boca.

Isto só mostra o desnorte duma magistratura que recebeu da lei uma legitimidade de actuação que não consegue pôr em prática ou levar a bom porto. Como se combate esta impotência funcional do MP?
Fácil: irradique-se todo o mecanismo precriscional do sistema legal português, como pelos visto querem fazer no âmbito dos crimes fiscais. Aonde vamos parar?
ln
 
Está a ver, Caro Hóspede, a nossa convergência?...é asim mesmo...tal e qual...
 
«Ora invocam a separação de poderes (para escapulirem ao que chamam ingerência política) ora chamam o lobo para se lhe meterem na boca.»

Uma boa síntese do desnorte.

Concordo plenamente.

O espírito sindicalista que aspira criar um muro de cimento para proteger a classe é patético.

Exercer uma profissão é dar testemunho de saberes e competências específicas. É isto que faz com que uma profissão seja reconhecida pelo Estado e, por via disso, se torna aberta às críticas.

Pagamos impostos, logo temos o direito de nos pronunciarmos sobre o que o Estado reconhece para nos servir.

Os sindicatos têm de compreender isto e lutar para que os saberes e competências da classe que representam se exerçam com sentido profissional e ético. E não recear enfrentar questões que põem em causa o bom nome da classe que representam. Não basta ser é preciso parecer, como é o caso da mulher de César.
 
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