terça-feira, novembro 21, 2006

 

Dia Mundial da Televisão

Hoje assinala-se, a nível mundial, o dia da televisão. A data foi criada em 1996 durante um fórum da ONU.

Entre nós, foi há 50 anos, na Feira Popular, em Lisboa, que a televisão apareceu a preto e branco, mas só muito depois foi levada às aldeias do interior.


Espinhosela, no distrito de Bragança, foi uma das primeiras aldeias transmontanas a ter um televisor (o televisor comunitário de Espinhosela) que surgiu ao mesmo tempo que a energia eléctrica, em 1964.

Com a televisão passamos a ter uma percepção visual e sonora da “realidade”.

Tal como o livro ameaçou os processos orais de transmissão do conhecimento, a televisão ameaça o livro, revolucionando o modo de entender a realidade. Com ela, a “realidade” passa a ser uma experiência perceptiva.


O modo de compreender já não vem depois da audição ou da visão, mas dá-se imanente à percepção.

Com esta espécie de “cultura do contacto” (uma cultura eminentemente sensorial), surge um novo analfabetismo (vêem, mas não sabem interpretar/ acumulam informação, mas não desenvolvem conhecimento) e modificam-se as relações dos homens entre si e com a própria realidade.

O filósofo Karl Popper escreveu sobre “Televisão: um perigo para a democracia” e o sociólogo Baudrillard procurou desconstruir os mecanismos de distorção da realidade desenvolvidos pela linguagem televisiva.


Talvez fosse altura de todos nós reflectirmos sobre o impacto desta linguagem que assimila a imagem visual e sonora à oral e escrita na nossa relação com os outros e com o mundo.

Comments:
Eu sei que é uma historieta grande, talvez demais para uma caixinha de comentários, mas eu gostei da reflexão que ela proporciona e justifica-se, presumo eu, no seguimento do seu texto quanto à importância da TV.

A professora Maria pediu aos seus alunos que fizessem uma redacção e que, nessa redacção, colocassem o que eles gostavam que Deus fizesse por eles.
À noite, ao corrigir as redacções, ela deparou-se com uma que a deixou muito emocionada.
O marido, ao entrar em casa, viu-a a chorar e perguntou: «O que aconteceu?»
Ela respondeu: «Leia».
Era a redacção de um menino.
«Senhor, esta noite, peço-te algo especial: transforma-me num televisor.
Quero ocupar o lugar dele. Viver como vive a TV da minha casa.
Ter um lugar especial para mim, e reunir minha família ao meu redor...
Ser levado a sério quando falo...
Quero ser o centro das atenções e ser ouvido sem interrupções e sem perguntas.
Quero receber o mesmo cuidado especial que a TV recebe quando não funciona.
Ter a companhia do meu pai quando chega a casa, mesmo que esteja cansado.
E que minha mãe me procure quando estiver sozinho e aborrecido, em vez de me ignorar.
E ainda que os meus irmãos «briguem» para estar comigo.
Quero sentir que a minha família deixa tudo de lado, de vez em quando, para passar alguns momentos comigo. E, por fim, que eu possa divertir todos. Senhor, não te peço muito...
Só quero viver o que vive qualquer televisor!»
Naquele momento, o marido de Maria disse: «Meu Deus, coitado desse menino. Que descuido o desses pais».
Ela responde-lhe: «Essa redacção é do nosso filho»!!!
ln
 
Pois é!... Eu tenho amigos que conseguem desligar a televisão durante as refeições. Pelo menos, disponibilizam esse tempo para falarem com os filhos.

Sou do tempo em que se contavam estórias aos filhos. As telenovelas acabaram com isso.

E veja este paradoxo: num tempo em que os pais se demitem de educar os filhos, o M.E. chama os pais para avaliarem os professores que procuram fazer aquilo que aqueles não fizeram.
 
Caro primo, nem todos os pais se demitem de educar os filhos ede entre os pais que não educam torna-se necessário distinguir os que não o fazem porque não podem (por variadíssimas razões)daqueles que efectivamente não o fazem por vontade e desinteresse para com os filhos.
Os pais devem ser sempre ouvidos em tudo o que diga respeito à vida (educação, saúde, bem-estar) dos filhos, sob pena de sermos nós (sociedade) a demiti-los, a desonerá-los dessa função.
No que concerne à avaliação dos professores, penso que deve prevalecer o bom senso (uso do mesmo argumento que usou na interrupção) e aceitar que há pais capazes de contribuir de forma séria e válida para a formação dos professores (apontando objectivamente os aspectos) e haverá pais que não o sabem fazer e que não terão, admito, qualquer pejo em usar tal expediente para atingir os professores que não lhes agradam.
ln
 
e, então, é assim: o pai do Joãozinho, que tem capacidade, avalia; o pai da Vanessa Soraia, que não tem capacidade, não avalia.
 
Bom, um dia farei um post sobre esta questão. A avaliação isenta e rigorosa não pode ser um instrumento de chantagem. E, precisamente, porque há pais que não dispõem de competências para avaliar, a lei que institui a avaliação tem de acautelar esse risco. O problema é, por isso, muito complicado.

O risco da avaliação se tornar num instrumento de pressão sobre os professores, na altura em que estes têm de dar notas é, em muitas zonas do País, um facto. Bastava que alguns pais (nomeadamente professores) dispusessem dessa arma. Arma que substituía as cunhas que proliferam, hoje em dia.Todos os pais querem que os seus filhos sejam médicos ou engenheiros, tirem os cursos que dão mais “nota”. Para isso vale tudo. Não tenha dúvidas!!!. Veja o que acontece com alguns colégios!

Já reparou que, para muitos pais, o insucesso só tem uma causa: os professores. Os miúdos passam horas em casa a ver TV ou nos Jogos de computadores, não têm hábitos de estudo nem de disciplina e a culpa é dos professores. A escola para muitas crianças é o armazém onde os pais colocam os filhos e desligam …
 
Só há regras porque existem as excepções, ou não será assim?
ln
 
Caro Primo, Vexa deve saber, mas lá vai: Santa Clara é a padroeira da TV, mas certamente que não aprovará as emissões actuais do desvario político e telenoveleiro...
 
"A caixinha que mudou o mundo", como alguém lhe chamou um dia.
todos os avanços tecnológicos só o serão se forem colocados e aproveitados ao serviço do Homem.
A TV tem desempenhado, ao longo dos anos,um duplo papel de informadora e deformadora, isto é, informa mas retira do palco as conversas à mesa, ao serão, o prazer dos livros, e tem tido essa acção nefasta de levar o comum cidadão a ver e a ouvir, e assumir como verdades as informações que lhe são veiculadas. Leva-nos a todo o mundo sem nos fazer conhecer melhor o que se passa à nossa volta. Pior ainda, é que é um instrumento poderoso na difusão das "verdades oficiais".

Jorge G
 
Cara amiga: "quando ha´excepções"? E se o que chamamos excepções forem a regra!!!...

As "verdades oficiais" são o que nos querem impingir e isso chama-se manipulação.
 
Pois, talvez o problema seja mesmo esse: o que deveria ser excepção ganha foro de regra!
ln
 
O problema é copiar sistemas que nada têm a ver connosco. As comunidades imigrantes que fizeram os E.U. tiveram de gerir as escolas que criaram e com isso desenvolveram uma cultura de comunidade educativa e os pais têm uma tradição de saber lidar com os professores dos seus filhos. Mas, mesmo aí… Entre nós, a Escola foi sempre uma incumbência do Estado para formar cidadãos responsáveis e profissionais competentes. "Deixou" esse papel, quando foi invadida pelos "rodriguinhos" pedagógicos dos estrangeirados da educação e se esvaziou o papel dos professores, muito particularmente a autoridade científica, pedagógica e disciplinar. Hoje, ser professor não é só uma profissão de risco, mas também uma profissão desprestigiada que se vai tornando num castigo de vida.
 
"Entre nós, a Escola foi sempre uma incumbência do Estado para formar cidadãos responsáveis e profissionais competentes." - pois, mas quando foi isso? Verdade incómoda: essa filosofia teve lugar, pasme-se ( e passando ao lado de ideologias...) no Estado Novo! De facto, o nosso País está cheio de contradições...
 
Quando dizia entre nós, referia-me à civilização greco-romana. Foi com os gregos e com os romanos que a escola teve esse papel social. Veja o que diz Platão.

Um abraço.
 
Vou tentar ver esse Platão..um abraço!
 
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