sexta-feira, novembro 03, 2006

 

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Para venda ou aluguer
Espaçoso
Largo até
Uma única assoalhada
Com vista para o rio
Ou algo parecido
Em bom estado
Com algumas fendas
Feridas de tempo
Cicatrizes de pó
Com luminosidade
Crepuscular
Decadente
Filtrada pelo silêncio
Com a boca partida
É verdade
O eco desfeito nas paredes
Mas com luminosidade
Melancólica
Frágil
É certo
Mas com luminosidade
Ideal para pintar
As gaivotas em terra
A finitude de um olhar

É favor contactar: 1
Porque número mais triste não há
Alugo corpo
Vendo solidão.

André Simões Torres.
In"A Poesia Possível"

Comments:
Obrigado, caro amigo, por nos dar oferecer este lindo poema. Um abraço.
 
O poema é do meu sobrinho. Era como o filho que gostava de ter: bom aluno, comprometido com as causas dos mais pobres e, um dia, nos limites de uma paixão, partiu do alto de uma ponte, virado para o mar, sem dizer adeus. É terrível sentir que, nas horas de jantar, falamos, ouço-lhe preocupações, esperanças, lamentos e teorização sobre a construção de um mundo melhor, sem poder escutar a sua voz. O seu silêncio é chumbo de solidão. Quis deixar este poema de um livro, que publiquei com os seus poemas, no dia em que se recordam olhares que não mais nos olham, mas não consegui. Hoje, não resisti em trazer a sua presença: era um amigo, o filho da minha irmã que eu gostaria de ter.
 
Um abraço, camarada.
 
Outro para si.
 
Deixo-lhe uma abraço amigo.
ln
 
Obrigado e virmos a página. Outro abraço amigo (como devem ser todos os abraços).
jbm
 
Digo: Agradecia, sem querer ser deselegante, que virássemos a página. Leio, de forma clara, tudo o que me querem dizer: os que deixam uma mensagem e os que preferem o silêncio. Fiz um apontamento dos meus afetos e já o ultrapassei.

Obrigado a todos.
 
Não foi deselegante. Quem o lê e, como eu, pressente os seus afectos fica sem saber o que lhe escrever.
Viremos a página.
 
Obrigado.
um abraço
 
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