quarta-feira, outubro 11, 2006

 

Pobre Marco!!!...

Com o voto de qualidade do Presidente da Câmara, o Marco de Canaveses passará a ter mais dois supermercados e a ser o Concelho que no seu centro dispõe da maior densidade de superfícies comerciais por número de habitantes. Sete!...

Pergunta-se: o que terá levado o Presidente da Câmara a decidir este atafulhamento de superfícies comerciais?!...

A pergunta é tão pertinente, quanto é certo que ainda está na memória dos eleitores as promessas eleitorais do candidato Manuel Moreira. No seu manifesto eleitoral, prometia: «implementar uma política municipal de apoio ao comércio tradicional e promover uma semana que lhe seja dedicada, em articulação com as organizações empresariais».

Diz, agora, o presidente da Autarquia, Manuel Moreira: «as novas superfícies comerciais justificam-se por razões de modernidade, de criação de novos empregos e como desafio aos comerciantes locais para serem mais dinâmicos» (citamos de cor).

Analisemos cada uma das suas justificações:

1º A modernidade define-se pelo sentido personalizado do bom gosto e não pela atitude do basbaque que incha com o pasmo da contemplação de filas de prateleiras e mais prateleiras e delas retira muitas inutilidades com que vai enchendo sacos.

Toda a gente sabe que o comércio do futuro é o comércio personalizado e esse está mais próximo do comércio tradicional que das grandes superfícies.

2º O Comércio tradicional produz emprego local, gera riqueza local, é fonte de desenvolvimento local (estabelecendo redes de apoio que vão dos gabinetes de contabilidade às associações de defesa dos seus interesses), fixa localmente os seus operadores e nos momentos de crise só o pequeno comerciante serve de estabilizador social, fiando, esperando melhores dias para os seus fregueses lhe pagarem.

As grandes superfícies têm alguns postos de trabalho precário, ocupados temporariamente por gente da terra, mas os seus quadros, os seus centros de decisão, não estão no local das suas instalações. E quando o negócio não resulta fecham as portas, deixam no desemprego os seus funcionários e partem de abalada.

3º As grandes superfícies comportam-se como os predadores: secam tudo o que está à sua volta que comercializa o que elas comercializam.

Dizer que elas são um desafio aos comerciantes locais é tão cínico como dependurar uma corda no pescoço de um (comerciante) moribundo e dizer-lhe que, puxando a corda, fica mais vivo e dinâmico.

Estão muito distantes o candidato Manuel Moreira e o Presidente da Câmara Manuel Moreira.


Essa é a distância entre a esperança e a desilusão.

Uma distância tão grande que é superior à que vai dos 70 mil contos que terá custado o terreno e os 200 mil do preço da venda com o projecto aprovado.

Distancias que, em qualquer caso, são sempre de uma obscenidade indescritível.


Comments:
Este seu postal fêz-me lembrar as grandes "convulsões" que se dão na "parvónia" americana quando, numa terrinha, ali chega um "mall" que, como diz, seca tudo à sua volta. Os habitantes das cidadezinhas norte-americanas ficam sem trabalho no comércio tradicional, a "downtown" fica deserta e sem vida...e ainda há autarcas que dizem ser este o progresso. É caso para nos interrogar-nos se não haverá ali interesses "obscuros" na Câmara! Onde está a Inspecção Geral do Território?
 
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
 
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A minha desilusão é em relação às expectativas criadas por quem dizia se opor a Ferreira Torres nos métodos e na forma de orientar os destinos do Concelho, onde nasci e fiz amigos. E não é só uma desilusão, é já uma recaída. Foi, na anterior candidatura, candidato a Presidente da Assembleia Municipal do Marco Francisco Assis. O seu partido perdeu as eleições, mas esperava-se que verbo de Assis "tão jorrante de princípios" fosse traduzido em práticas e continuasse a fazer-se ouvir como deputado municipal. Nada disso aconteceu: Francisco Assis foi faltando, faltando às reuniões da assembleia municipal e depois vim a saber que era presidente da assembleia-geral dos órgãos sociais de uma empresa de um compadre do maj. Valentim Loureiro e muito ligada a AFT: a empresa “Ferreira & Cpa”.
Por que será que o verbo dos políticos não se harmoniza com a sua integridade?!... Já denunciei esta situação no JN, com uma crónica intitulada "todos diferentes e todos iguais". Mas os partidos nem a sociedade civil está muito preocupada com estas questões. Parece que tudo isso faz parte da natureza política. Talvez, pos isso, a descredibilidade do “ramo” ande pelas ruas da amargura.

São óptimos estes comentários, sobretudo porque sei que os ditos têm quem lhes fale deste blog.

Eles não ficam corados, mas ficam a saber que sabemos muito sobre eles.

Obrigado pelos comentários.
 
Tenho de fazer uma ligeira correcção: Francisco Assis era presidente da empresa "EDINORTE" (de Gaspar Ferreira, o mesmo empresário da "Ferreira e Compª, que é compadre do Valentim Loureiro e empreiteiro do regime de Ferreira Torres. Tomou conta das águas que abastecem o Marco e ficaram as mais caras do país.) O nº do NIF, da Edinorte é 504800701 (DGCI ser. Fina. 3190 Porto-5) e o ano em que FA tomou posse foi em 1999. Pediu a demissão em 2005, depois de isso ter sido denunciado. Nenhum custo lhe trouxe para a “brilhante carreira política”, como era de prever. E há mais gente do PS que esteve ligada ao grupo empresarial a que pertence esta empresa.

À pergunta: porque é que F.A. se meteu nestas questões, não sei responder, mas reparem: as campanhas internas dos partidos custam muito dinheiro.
 
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