segunda-feira, outubro 23, 2006

 

O risco de ser filósofo

«Não sabemos se os contemporâneos dos primeiros filósofos gregos acreditavam verdadeiramente que a Via Láctea era leite espalhado pelo seio de Hera, mas quando Demócrito afirma que não se trata senão de uma concentração de estrelas, a maioria considera isso como uma blasfémia. Quanto a Anaxágoras, que deu como certo ser o sol um aglomerado de pedras, chegou mesmo a ter conflitos com os poderes públicos».

Theodor Oizerman.
In: "Problemas de história da filosofia".
Lisboa. Livros horizonte. p17

Obs: naturalmente, tudo em nome do direito, da lei e da ordem. Os detentores dos poderes públicos nunca acenderam as fogueiras, fuzilaram, criaram os gulags, os campos de concentração ou o desterro por pura arbitrariedade.

Comments:
Não se importe de correr esse risco, terá muita gente a aplaudi-lo e, se necessário for, a tomar o seu partido.

ln
 
Há três fases na vida humana: na primeira, não se dá conta dos riscos; na segunda, mede-se as consequências dos riscos; na terceira já nem vale a pena preocupar-se com os riscos. Eu estou nesta fase.
 
Curioso,
eu achava que a partir de determinada altura da vida, provavelmente a terceira fase de que fala, já nenhum risco havia para correr ou, dito de outra modo, eles deixavam de importar. Tinha esperança de um dia chegar lá. Isto é, tinha esperança de chegar aquele nível em que, suponho, se adquiri um tal estatuto (intelectual) em que nenhum risco nos faz parar, calar, ponderar, desistir, pensar em conseqêuncias, etc.
Talvez seja defeito meu que teimo em dizer com o poeta que: tudo
vale a pena se a alma não é pequena.
Mas, como lhe disse, vir aqui é sinónimo de aprendizagem. E desta vez não foi excepção. Parti da sua citação para a pesquisa e encontrei muita coisa interessante, gostei especialmente desta: "A filosofia é isto mesmo. Esta procura incessante de inteligibilidade, de compreensão, para aquilo que, no fundo, são os problemas variados do nosso viver concreto. Não apenas pela curiosidade de investigar, não apenas pela vaidade ou satisfação de saber, mas, sobretudo, pela necessidade estrutural de agir e de transformar." Barata Moura
ln
 
"já nem vale a pena preocupar-se com os riscos" é ter o tal "estatuto (intelectual) em que nenhum risco nos faz parar, calar, ponderar, desistir, pensar em consequências, etc."

Fiz-me expressar mal!

Conheci Barata Moura com uma viola a cantar.Foi num lar onde estive. Nessa altura, B.M. era católico e estava ligado à JUC. Admiro-o muito!
 
Porque se expressou mal?
Não terei sido antes eu a não entendê-lo? o que foi que eu não entendi bem?
ln
 
Deixe, já entendi.
O problema não foi do emissor mas da receptora que por vezes se precipita no comentário.
ln
 
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