terça-feira, outubro 31, 2006

 

A dislexia do Governo de Sócrates

O rigor economicista que anima este Governo, nomeadamente em relação à Função Pública, à Saúde e à Educação faz lembrar a estória daquele homem que recebeu de herança um burro. Pretendendo que o animal lhe deixasse de dar tanta despesa, resolveu diminuir para metade a ração que lhe dava. Mas, mesmo assim, não atingia aquele "pacto de estabilidade" que lhe diziam ser necessário para só tirar vantagens do bicho. Foi-lhe, então, diminuindo e diminuindo na alimentação e, quando atingiu o ambicionado "deficit zero", o pobre animal morreu.

A lógica economicista aplicada por este Governo à função pública, aos hospitais, às maternidades, às escolas, aos centros de saúde e, por aí adiante, constitui a forma mais fácil de governar. A sua ideologia é pôr em prática o pragmatismo neo-liberal, lidando apenas com cifrões e não querendo saber do que faz o espírito de vida de um povo.

A vida de um povo exige referências de identidade que levam a falar da “nossa escola”, do “nosso centro de saúde”, da “nossa maternidade”, do “nosso posto da GNR” e por aí adiante. São estas referências de pertença que promovem a segurança, fazem a coesão social e estimulam a auto-estima que dá sentido e significado a uma vida colectiva.

É que uma nação não é um mero somatório de indivíduos entregues à sua própria vontade, mas uma forma de viver, com a sua própria história, o seu mundo simbólico e as mediações que vão integrando as vontades individuais num desígnio colectivo. É preciso ter tudo isto em conta para contextualizar a economia.


Pôr fim às mediações que promovem a coesão social de uma nação, em nome de critérios meramente economicistas, é cavar o vazio, a desintegração social e, com isso, criar um profundo sentimento de frustração, insegurança e precariedade. Não compreender isto é ser verdadeiramente disléxico!

Quando Sócrates e o seu Governo derem conta, sentirão que, perante os portugueses, tiveram a mesma sorte que o burro da nossa fábula.

Depois, o PS esperará mais dez anos para se recompor da dislexia do Governo de Sócrates!

Comments:
Ó Compadre, essa não parece sua! Se o conceito de Nação foi proscrito!...
 
Como sabe nação é diferente de pátria e diferente de estado. O conceito de nação prende-se com a ideia de identidade de um povo. Esta identidade pode ou não promocer energias que desenvolvem sentimentos de pertença ou ser apenas configurada por uma lingua, um conjunto de tradições e uma história comum. Eu referia-me àquilo que dá sentimento de pertença a uma comunidade, que gera laços de solidariedade e cria referências que fazem o ter gosto em viver num local, numa freguesia ou num concelho por mais interior que seja. Esse sentimento de pertença está a perder-se e e, seu lugar fica um sntimento de "cada um que se desenrasque, por aqui não temos nada, nem escola, nem maternidade,etc". É isso que medidas muito liberais estão a criar. O individualismo está sempre associado ao egoismo, à falta de solidariedade e à iddeia de que "o último a sair que feche as portas".

Já li o texto que me enviou por e-mail. Nada tenho a acrescentar. Como sabe eu estou noutro paradigma e, por isso, respeito paradigmas diferentes como gostaria que respitassem o meu. E essa é a sua postura.

Estes dias são para mim horriveis, como compreenderá!
 
V. escreve tão bem!

Um abraço meu para si.
 
Tem erros, mas só dei conta disso depois de publicar.

Peço desculpa.
 
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