terça-feira, setembro 12, 2006

 

Pobre Marco!

Hoje estive em Amarante e tenho uma história para contar. A história é inquietante. Já não se sabe se “Amar Amarante” é apenas uma sigla do passado ou alguma coisa mais. Mas isso não é importante. Sabe-se apenas que alguns dos elementos desse grupo vão-se encontrando com o “Chefe”. O que também é natural.

Num desses encontros, a conversa versou a ponderação do regresso ou não ao cargo de vereador de Amarante do “Chefe”. E a balança caiu para o seguinte lado: «o melhor é pensar-se na substituição definitiva, pois o “Chefe” pensa voltar a candidatar-se á autarquia do Marco».

Não sei se será possível a ousadia. O “dito chefe”tem montes de processos nos tribunais e num concelho onde a política fosse um “serviço público” e não meras tricas e “jogos de poder”, nunca mais o “dito” se sentiria bem no Marco. Como isso não acontece, uma inquietante preocupação toma-nos.

Quem ouve os marcoenses sente um avolumar de desencanto. Na verdade, não é com uma retórica a galopar horas ou enchendo as parangonas dos jornais com fotografias que se faz boa gestão de uma autarquia. O que os munícipes querem é quem lhes rasgue um melhor futuro com acções; o que os munícipes querem é quem os ouça e não quem os empanturre com discursos; o que os munícipes querem é quem lhes resolva os problemas (ou lhes explique por que não os pode resolver) e não quem lhes complique a vida com promessas que não se cumprem e com incertezas que os atormentam.

Mas poderia acontecer que uma alternativa começasse a desenhar-se com força e credibilidade. A força dada pelo alargamento da sua base de apoio e a credibilidade pela coerência na defesa de ideias e valores. Mas também aqui há uma grande frustração.

No único partido que poderia ser alternativa, o PS, já ergue a voz o “grande líder” efabulador de estórias, o tal que dizia ao Avelino “o sr. Presidente é que manda” e (muito socialisticamente) lhe sugeriu um regulamento que impedisse a Associação dos Amigos do Marco de utilizar o auditório da autarquia. A guerrilha neste partido já transbordou as paredes da sua sede concelhia e em vez de se promover fraterna autocrítica e uma discussão que busque os consensos estimuladores da acção política, retiram-se apoios (onde será que, em outras circunstâncias, já vi esta cena?!...) e entre “jogos de pseudo-poder” há já quem pense que amanhã poderá ser presidente da câmara pelo número de cumprimentos que vai despejando de café em café.

O caminho do regresso do “dono do Marco” parece aberto.

Pobre Marco!

Comments:
O que se passa no Marco era previsível. O pântano em que se tornaram os partidos só poderia gerar estas situações. Todos parecendo mais iguais que diferentes,os munícipes estão-se maribando para a situação financeira das autarquias e, naquele "chico-espertismo" que caracteriza a política, seguem quem for mais populista e mais facilmente resolver os seus pequenos interesses.
 
Por vezes fico pasmado com certos artigos que leio, agora qualquer um fala do marco, e nem se importa se diz verdades ou mentiras...Facam o favor à humanidade, e antes de escrever seja o que for pensem naquilo que vão dizer.Haja paciencia...
 
Não sei se há proprietários das opiniões sobre o Marco, mas quanto à verdade, os factos falam por si!
 
Obrigado. É bom sentir a solidariedade na base da defesa dos valores e dos princípios.
Há gente que pensa poder tapar o sol com uma peneira!
 
Já vi que não vale a pena falar, quando se é limitado não se consegue perceber a mensagem deixada...
 
Não percebo a mensagem. Naõ limito ninguém,como tb não gosto que me limitem no meu direito ao exercício de cidadania.
 
Como cálculo saber quem é goldberg gostaria de acrescentar o seguinte: a critica aos partidos é fundamental, por que (tal como à mulher de César) não basta aos partidos serem instituições sérias (o que nas suas práticas já é muito duvidável), mas têm de o parecer. Os códigos de honra que obrigam ao sigilo para proteger as instituições de inimigos exteriores só fazem parte das máfias. A democracia implica que a sociedade seja aberta e tudo possa ser criticável.Os partidos, pela natureza de se apresentarem aos cidadãos para neles votarem, devem ser transparentes e saber o que se passa no seu interior é fundamental para nos decidirmos a a escolher o que for mais credível. Não basta erguer a bandeira do socialismo, é preciso que essa bandeira seja genuína e não uma farsa. Veja-se o que acontece com partidos socialistas de nações africanas!... A ideia de que não se deve trazer para o exterior o que se passa no interior dos partidos é uma ideia que pretende enganar os eleitores, fazendo crer que o partido é uma coisa, quando é outra. E isso nada tem a ver com a transparência que deve orientar os sistemas democráticos.
 
Só mais uma coisinha: os partidos só se reformam por pressão do exterior, da sociedade civil. E quem vota num partido tem o direito de saber se o candidato que se apresenta por esse partido merece ou não confiança, é ou não capaz de cumprir o que diz. Nos partidos, a lógica aparelhista tem promovido o “pior” que existe nos partidos. Por isso, hoje há quem entenda a política como mero jogo de simulação e quem não tem credibilidade para ter sucesso na sociedade civil vai para os partidos. è fácil nos partidos "trepar": basta "arrebanhar" militantes. É preciso criticar esta situação para que os partidos se harmonizem com o melhor da sociedade. O que digo nada tem de novo: basta ler o que dizem os candidatos a dirigentes partidários. Veja-se o que disse Manuel Alegre e não fica bem apoiar Alegre e depois não levar a sério (na prática) o que ele disse.
 
Mau é quando se defende que nos partidos há assuntos de reserva, que não podem vir para o exterior. Esse é o primeiro passo para introduzir a lógica das máfias nos partidos. Os assuntos de reserva são os que estão contemplados na lei geral: p. ex., os que dizem respeito ao andamento de um processo disciplinar (e mais nada).

Aliás, na política é fundamental a consciência da responsabilidade. Ser responsável significa que se é capaz de responder a uma acusação. E isso só é possível se existir abertura para formular acusações. Dar resposta a criticas é a essência da democracia. As sociedades fechadas tiveram sempre medo da critica. É contraditório exercer a democracia através dos partidos e fechar os próprios partidos à critca interna ou externa. A critica é o ácido que corroi erros e, por isso, purifica.E é só uma: não venham com a ideia de que há uma critica positiva e outra negativa. A critica é o exercicio de discordar e mais nada!
 
Sobre a insinuação da "limitação" eu fiz, como costumo fazer, de conta que não percebi.

Um abraço e Deus queira que um dia nos conheçamos.
 
Sabe, compadre, só o Dr. House poderia salvar o Marco. Mas não há. A terra parece tramada pelo demónio.
 
Esperamos, então, que a vontade de deus se manifeste, asna.

Devo, no entanto, dizer-lhe que sou um agnóstico desconfiado de não ter razão. Por vezes, sinto que se Deus não existir um vazio incomensurável aflige-me.
 
Obrigado, mas esse "atestado" tem de ser elaborado por mim. E não é fácil. Recorde o que disse, ontem, o Papa sobre Maomé! Vem-nos logo à cabeça lembrar-lhe o fio das espadas que fizeram as cruzadas. O "mal" parece ser mais poderoso do que um deus. Regressa, então, a dúvida agnóstica. Isto não é fácil no plano da racionalidade. Só se resolve por uma espécie de intuição afectiva que perdure. E neste campo não sou tocado. Mas olhe que o problema preocupa-me! Se conseguisse explicar o mal percebia a existência de deus. Daí um vazio que se liga à ausência de sentido que a vida parece ter.
 
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