quinta-feira, setembro 28, 2006

 

HINO À NOITE














As negras multidões de árvores não se movem
mais do que as montanhas. As estrelas enchem um
imenso céu. Um bafo quente como humano sopro aca-
ricia-me os olhos e as faces.

Noite que pariste os Deuses! como em meus
lábios tu és doce! como os meus cabelos acalentas! como
em mim penetras esta noite, e como me sinto prenhe de
toda a tua primavera!

As flores que vão desabrochar, de mim hão-de
nascer. O vento que respira é o meu hálito. O perfume
que perpassa é o meu desejo. E todas as estrelas nos meus
olhos pairam.

Será essa tua voz o fragor do mar ou o silêncio dos
campos? Tua voz não entendo; mas só de ouvi-la sinto-
-me alterada, e escorrem-me as lágrimas por ambas as
mãos.

Pierre Louÿs

As canções de Bilitis Versão portuguesa de Júlio Henriques
Enviado por Amélia Pais
http://barcosflores.blogspot.com/http:/
cristalina.multiply.com/

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