quinta-feira, setembro 21, 2006

 

"Compromisso"?... Com quem?!...

Não deixam de ser curiosas as preocupações dos novos gestores que se reúnem, a partir de hoje, em Lisboa, no Convento do Beato, em torno da ideia “Compromisso Portugal”.

Um compromisso supõe entendimento entre todas as partes interessadas e, visando Portugal, esperar-se-ia que os jovens gestores (muitos deles surgidos no sector privado pela mão do sector público) se preocupassem com o papel social das empresas, a necessidade de se promover políticas de recursos humanos que privilegiem a estabilidade no emprego, a valorização profissional e a participação dos trabalhadores na organização e orientação do seu trabalho. Que encorajassem a definição dos valores da empresa no contexto de uma organização social, encontrando medidas para a defesa do meio ambiente e elaborando princípios de uma ética empresarial que assegure compromissos e promova o exercício da cidadania fiscal. Etc. .

Ora, nada disto parece acontecer: os gestores do “compromisso”, ostensivamente tido como um movimento da sociedade civil, apenas se preocupam com a liberalização do estado, mais despedimentos de funcionários públicos, fim da solidariedade social e mais liberalização.

O modelo de sociedade para onde apontam parece apoiar-se num paradigma de desenvolvimento económico semelhante ao que Darwin aplicava à luta pela sobrevivência. O princípio fundamental é o mesmo: “na luta pela vida, triunfa o mais forte”. E, para ser mais forte (empresariamente) é preciso desenvolver as condições mais úteis ao lucro.

Este darwinismo empresarial nada tem de inovador, sendo já posto em causa nos países onde foi levado à prática. Quem o teorizou foi Milton Friedman. Para este economista de origem judaica, a maximização do lucro é o único critério do desenvolvimento económico. Como numa «boa guerra», um bom gestor deve lutar com coragem, bravura e sem preocupações sociais. Precisa, no entanto, que as regras do jogo competitivo sejam abertas, livres e sem fraude fiscal.

E é isto que, de vez em quando, repetem os nossos “gurus” da economia liberal, com a arrogante pretensão de representarem a sociedade civil.

Comments:
Estou absolutamente de acordo com a seu esclarecido comentário. Há tempos dizia-me um homem, que fez fortuna com o seu trabalho e que se preocupava com os problemas dos seus trabalhadores (talvez umas boas centenas). Dizia-me: hoje o ideal de um empresário é despedir trabalhadores e investir com o dinheiro do Estado.
 
Sr. Hospede: reli o seu comentário e agradeço-lhe a generosidade da sua intervenção que muito enriqueceu o meu post. São comentários como o seu que tornam um blog num espaço de enriquecimento interactivo.

Venha sempre: precisamos das suas achegas.
 
Eu é que agradeço.
 
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