sábado, julho 29, 2006

 

A propósito de um comentário

A boutade “anti-americanismo primário” contém uma armadilha obscurantista: a de sugerir que quem não está com Bush está contra os americanos. Ora, o próprio Busch nunca teve todo o apoio dos próprios americanos. Inclusivamente, as sondagens já indicam que não está com ele a maioria dos americanos.

Além disso, os que se julgam investidos dum papel histórico foram sempre grandes criminosos no seu tempo. Veja o que aconteceu com o papel dos cruzados ou da inquisição?!... Defendiam uma espécie de democracia do tempo (a religião católica apostólica romana) com o poder das armas, sem olhar a consequências. Pensavam que fora da religião (da democracia do tempo), não havia salvação para o mundo. E os terroristas são um sucedâneo dos infiéis.

Ora, os problemas do mundo não podem ser resolvidos sem as pessoas que fazem parte do mundo. Aceitar que há estados ou dirigentes políticos eivados duma missão histórica deu sempre maus resultados. Lembremo-nos, ainda, do caso Hitler.

Não há patrões da história e ninguém é descartável na construção do futuro, porque o futuro a todos pertence.

Ver os problemas a branco e preto foi sempre o desvario dos diferentes maniqueísmos, religiosos ou políticos.

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COISAS DA SÁBADO

ISRAEL, A ESQUERDA E A DIREITA, AMERICANISMO, ANTI-AMERICANISMO

Já se escreveu que o anti-americanismo é o anti-semitismo dos nossos dias. É um anti-semitismo diferente, mas é muito parecido. Israel está a ser vítima dessa forma peculiar de anti-semitismo.

A história não ensina tanto como pensamos, mas dá-nos comparações úteis. O caso de Israel é muito interessante para a análise das evoluções políticas e ideológicas do século XX. Quando nasceu o estado de Israel, a ferro e fogo contra os ingleses e os partidários do Grande Mufti de Jerusalém, amigo dos nazis, a causa sionista era sentida como uma causa da esquerda. Foi a URSS uma grande impulsionadora das resoluções da ONU para a partilha da Palestina, e o primeiro estado a reconhecer Israel. Estava-se na altura em que o nosso Avante! clandestino saudava a luta de Israel contra as “monarquias feudais àrabes” que lhe faziam guerra e a saga socialista dos kibutz fazia parte do imaginário utópico de toda a esquerda e não só da comunista. Os socialistas e a sua Internacional deram grande apoio político ao jovem estado.

Ora, desde o primeiro minuto que a “causa” de Israel dependeu de ganhar as guerras aos países que o rodeavam e mesmo aos que estavam longe. Recordo-me de visitar a Argélia há uns anos e ter verificado com alguma surpresa que ainda havia um estado de guerra com Israel, muitos anos depois do último conflito militar que opôs o estado judeu a outros estados e não a grupos de guerrilha ou grupos terroristas.

Ora, nas suas guerras, sempre de natureza defensiva – não adianta explicar aos que estão de má fé que o carácter ofensivo de algumas operações militares nada tem a ver com o carácter defensivo do conflito - , o Israel de hoje não é distinto do do fim dos anos quarenta. No centro dessas guerras esteve sempre a pura sobrevivência do estado de Israel , quer de um lado quer do outro. A recusa da existência de Israel esteve sempre no centro das guerras árabes, agora cada vez mais muçulmanas, e só muito mais tarde é que a “questão palestiniana” surgiu.

A inflexão da esquerda contra Israel acompanhou a política soviética de Krutchev de apoio ao nacionalismo árabe, que levou a prazo a uma mudança de aliados na região. Apoiando Nasser, reagindo ao último estertor do colonialismo, o conflito do Suez, a URSS abriu caminho ao progressivo isolamento de Israel dos seus apoios na esquerda socialista e comunista. Nos anos sessenta, setenta, oitenta, até ao fim da própria URSS, esta tornou-se um dos principais apoios logísticos e políticos dos movimentos de guerrilha e terroristas palestinianos, ou pró-palestinianos, embora o seu controle nunca fosse total, devido ao emaranhado muito complexo das intrigas nacionais e de clãs que sempre atravessaram o Norte de Africa e o Médio oriente. Ter que lidar com a Líbia, a Síria, o Iraque, o Irão, a rede de terrorismo internacional que ia do Japão à Alemanha, era difícil, mas mesmo assim os soviéticos estiveram sempre presentes nesse mundo e sub-mundo.

Foram os americanos, nem sempre muito voluntaristas na região (como mostraram durante a guerra do Suez), que acabaram por se tornar os principais aliados de Israel. Para que isso acontecesse houve razões de guerra fria e pressões do importante lobi judaico na América, mas foi assim que se criou a realidade das alianças actuais. Logo, os israelitas acabam também por ser alvo, e nalguns casos mais do que isso, pretexto central, do anti-americanismo contemporâneo.

A paralisia europeia numa região do mundo que faz parte da sua esfera geopolítica vem desse anti-americanismo, em que a Europa, em grande parte por pressão de uma França pós-gaullista, se deixou enredar tornando-a irrelevante. Ver um estado que foi uma criação francesa como o Líbano hoje ser vassalo da Síria e assistir à completa impotência militar e política da França é apenas o sintoma maior da mesma impotência da União Europeia separada dos EUA.

Tudo isto é fora, à margem. Para Israel muito pouco mudou desde o dia 15 de Maio de 1948 em que imediatamente a seguir à formalização da independência pela ONU, os estados da Liga árabe declararam guerra a Israel que foi atacada pela Jordânia, o Líbano, o Egipto, o Iraque, e Arábia Saudita. O secretário geral da Liga árabe, Azzam Pasha, invocou a jihad e apelou a uma “guerra de extermínio”. Algumas coisas mudaram desde este dia e algumas para melhor, mas para Israel continua a ser uma questão de pura sobrevivência. É por ser assim que em Israel, nunca a esquerda e a direita se dividiram no essencial sobre a conduta de operações militares para defender o estado de Israel.

transcrito do "Abrupto"
 
Pacheco Pereira dá a sua interpretação. Eu nunca me arrepndi do que fui no passado e,talvez, por isso, veja as questões de outra forma. A política não é para mim um jogo de interesses, mas a melhor forma de tornar os seres humanos mais felizes. E quando digo seres humanos, são mesmo seres humanos e não peças de uma engrenagem orientada por ideologias.
 
Uma opinião diferente da de Pacheco Pereira:

Os sionistas aprenderam com Hitler

De: Laerte Braga

Rebelión


Existem pelo menos 50 resoluções do Conselho de Segurança da ONU condenando o estado terrorista de Israel por crimes contra o povo palestino. Israel dispõe de armas químicas e nucleares, ocupa terras palestinas, mata crianças, mulheres, atira, como hoje, em manifestações pacíficas, demole casas, mas nada.

No único momento que a paz parecia visível, o acordo entre os governos de Rabin e de Arafat, um fundamentalista judeu matou o primeiro ministro de seu país. É difícil acreditar que o ato tenha sido vontade isolada de um louco. É só olhar os acontecimentos que se seguiram para perceber que Sharon é consequência de um projecto consistente de impor o terror sionista aos palestinos.

Genocídio sem qualquer contestação. Nem tradicionais aliados da barbárie israelense conseguem disfarçar o incómodo diante de medonha boçalidade. Brian Cowen, ministro das relações exteriores da Irlanda, país que preside a União Européia, classificou a acção sionista de "desprezo irresponsável dos soldados de Israel, pela vida humana".

E daí?

Bush e os integrantes da organização terrorista Casa Branca vão tomar atitudes como fizeram no caso de Saddam?

Sharon e Saddam são iguais. Criminosos. São crimes contra pessoas inocentes, contra a liberdade, trazem a marca da suástica sionista.

Bombardeiros americanos perceberam cerca de 80 pessoas numa aldeia no Iraque, na fronteira com a Síria, celebrando um casamento. Dispararam mísseis e bombas. Mataram 40.

Rumsfeld, marechal de campo do IV Reich, chama isso de "liberdade duradoura", "justiça infinita", através de operações de "choque e pavor". Sharon, chefe do estado sionista/terrorista, chama sua operação de "Arco Íris e Nuvens".

Soam ridículas as acusações contra homens bomba. São gestos desesperados e possíveis de um povo humilhado, espoliado em suas terras, contra um inimigo sádico, sem limites e que traz o terror, esse sim, como prática deliberada e constante.

Há um flagelo partindo da Casa Branca. Um carrasco sem entranhas em Tel Aviv.

Milhares de inocentes mortos em nome dos interesses econômicos de empresas às quais são ligados.

O mundo do mercado.

Bush e Sharon chamam suas ações de movimentos pela paz, pela democracia, clamam por direitos humanos.

O sargento Jeremy Sivits foi condenado a um ano de prisão por ter torturado iraquianos numa prisão em Bagdá. Admitiu sua culpa, poupou o comando e foi rebaixado a soldado. Vai ser expulso do exército dos Estados Unidos.

Os fatos que vão surgindo a cada dia revelam que eram precisas e matemáticas as instruções do comando militar para que prisioneiros fossem submetidos a humilhações, torturas, todo o repertório nazi/fascista das forças invasoras que ocupam aquele país.

A ação terrorista da Casa Branca e de Israel não é isolada e nem excesso de militares ou seus agentes.

Quando reclamam por direitos humanos, fingem tomar providências ou atitudes contra abusos, apenas repetem situações que a História mostra de forma repetida em todos os tempos. Hitler, por exemplo, mandou por fogo no Parlamento alemão e culpou os comunistas.

Deu o golpe final e iniciou uma estúpida escalada de guerra que devastou a Europa.

Pelo poder que dispõe, o fuhrer norte-americano devasta o mundo em poucos minutos.

Pela sanha assassina que o caracteriza, Sharon em pouco tempo bate recordes dos campos de concentração nazistas.

O entendimento que palestinos e iraquianos somos todos nós é vital para a percepção que estamos diante de um novo Reich, com maior poder de destruição, mas na mesma medida da boçalidade do chanceler alemão. Ou talvez medida maior.

E, mais uma vez, fica com foros de definitiva, indesmentível, a afirmação de Saramago: "a democracia é uma farsa, você vota para mudar e não muda nada, continuamos governados pelo FMI".

Pelo FMI, pelas bombas despejadas sobre crianças, mulheres e noivos por aviões norte-americanos. Por mísseis de Israel.

Pela maneira cruel e desprezível com que terroristas sionistas matam palestinos.

Aprenderam com Hitler.

Laerte Braga
 
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