terça-feira, julho 11, 2006

 

O desespero

Acabo de assistir a uma grande manifestação de agricultores. Queixam-se do seu empobrecimento, do estrangulamento financeiro da agricultura, de promessas não cumpridas, das indecisões do governo relativamente às medidas agroambientais, etc., etc.

Abandonada a agricultura, o interior desertifica-se e mais dependentes ficamos de outros países. Por alguma razão, os camiões que abastecem as grandes superfícies comerciais fazem filas nas nossas fronteiras. Ninguém consegue perceber o que fica, hoje, da ideia de socialismo no partido que nos governa.

O papel de qualquer governo é minimizar o sofrimento dos que mais sofrem. Este Governo parece esquecer este princípio que é, no fundo, o princípio que consubstancia um Estado de Direito. E a prova está no espírito de confraria da beneficência que vai sendo exposta à publicidade por empresários, nos roteiros da exclusão, nos apelos á filantropia, etc,.

Os pobres, os excluídos, os abandonados não dizem respeito ao amesquinhamento da nossa própria dignidade colectiva de cidadãos/seres humanos. Em vez desse aviltamento de desumanização cívica nos interrogar sobre o papel do Estado, a pobreza e a exclusão servem de “matéria-prima” necessária à lavagem da má consciência dos que à custa do desemprego, da pobreza e da exclusão vão ficando cada vez mais ricos.

As sondagens dizem que o Partido Socialista ganharia, hoje, novamente as eleições. Se o governo orienta as suas políticas por sondagens, está na linha correcta, politicamente correcta. Mas as sondagens reflectem um estado de espírito e este pode ser apenas o de não se acreditar em eventuais alternativas. Mas o PS parece tudo fazer para deixar espaço livre, pelo descontentamento que se vai alastrando, a qualquer outra alternativa.

Pior do que o que está a acontecer no mundo da vida, de quem só tem os braços para sobreviver, nenhum outro partido conseguiria fazer. E, se esta consciência de escuridão for alastrando, qualquer outro alternativa acabará por surgir como uma luz ao fundo do túnel para substituir este Governo.


Será que os militantes do PS não percebem isto?!...Talvez não!

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