terça-feira, julho 18, 2006

 

DAVA A ÚLTIMA CAMISA POR UM POEMA

Dava a última camisa por um poema.
Domingo ao fim da tarde só restam cinzas.
Todos. Tudo inteiramente consumido.
Tudo, o quê? Segunda, sobrava alguma palavra intacta na lareira?

Terça tão comprida como um ano

quarta, outra vez a esperança
Não, sem poema não se pode viver!

Quinta a memória entra em pânico
A pouca claridade que restava anoiteceu

também na sexta as vagonetas com o meu minério
perdem-se no túnel.

Sábado: trabalho em vão!
Domingo tudo recomeça e voltava a dar
a última camisa por um poema

Jan Kostra - Eslováquia trad. de Ernesto sampaio

Enviado por Amélia Pais:
http://barcosflores.blogspot.com/

Comments:
Amigo: Que me diz do modo como decorre o processo do bárbaro assassínio de Gisberta?
 
A transsexual crouzou-se muitas vezes comigo, no Campo 24 de Agosto. Senti-a nela uma tremenda triteza. Nunca falei com ela, mas tinha vontade de conhecer a sua vida. Um dos rapazes que a maltratou foi aluno do Alexandre Herculano, na altura em que eu, estando no ano zero, recebia alunos que eram expulsos da aula para ou ouvir, falar com eles e dar-lhes tarefas para exercerem durante o tempo em que eram castigados. A esse aluno disse-lhe muitas vezes: tu, agora és expulso, mas amanhã pode acontecer que fiques dentro. Sabe,aquele grupo de miudos não tinha familia de apoio e gostava de dizer "eu existo!" e a forma de o dizerem era tratar mal professores, bater nos colegas, roubar telemóveis, saltar pelas janelas da sala de aulas, etc. Nunca pensei que fizessem o que fizeram. O julgamento dos miúdos pouco me tem dito. Penso que o verdadeiro julamento é desta sociedade hipócrita. E esse não vai ser feito, para já!
 
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