sexta-feira, julho 28, 2006

 

BASTA!!!

Se quiséssemos definir o paradigma que orienta a política dos EUA, teríamos uma frase: «o quero, posso e mando é o esplendor do poder».

Israel, no final da I Guerra Mundial, foi encaixada, por pressão da ONU, no mundo árabe contra a vontade dos países vizinhos que consideravam ser esse território a sua pátria de há séculos e não admitiam dividi-lo com os judeus.

Nesta circunstância, o natural seria que os países responsáveis por essa situação encorajassem os Judeus a desenvolverem uma política de boa-vizinhança que assegurasse o diálogo e promovesse uma convivência pacífica.

Não foi isso que aconteceu: Israel foi estimulada a basear a sua autoridade de Estado no poder de armas sofisticadas de guerra. Pela força ambicionou expandir o seu território e os países vizinhos sentiram-se cada vez mais terrivelmente ameaçados, desenvolvendo entre eles um sentimento de desespero furioso por se acharem traídos pelos poderosos do mundo. É neste contexto que se pode compreender o conflito entre Israel, o Líbano e Faixa de Gaza. E é também neste contexto que o terrorismo surge como o outro lado da arrogância belicista do "quero, posso e mando"

Se nos metessemos na pele dos árabes, perceberíamos que Israel nunca conseguirá a paz pela Guerra. É que a guerra não é um jogo virtual: significa uma catástrofe de sofrimento e terror incomensuráveis, significa perder milhares de irmãos do mesmo sangue, sentir alastrar a miséria, o sofrimento e desenvolver um sentimento incontido de vingança.

A guerra é, como disse o Padre António Vieira, “aquele monstro que se sustenta das fazendas, do sangue, das vidas, e quanto mais come e consome tanto menos se farta. É a guerra aquela tempestade terrestre que leva os campos, as casas, as vilas, as cidades, os castelos e sorve os reinos e as monarquias. É a guerra aquela calamidade composta de todas as calamidades, em que não há mal algum que ou não se padeça ou não se tema, nem bem que seja próprio e seguro—o pai não tem seguro o filho; o rico não tem segura a fazenda; o pobre não tem seguro o seu suor; o nobre não tem segura a sua honra e até Deus, nos templos e nos sacrários, não está seguro».

Só uma outra ordem internacional, que faça da solidariedade e do diálogo as componentes fundamentais da relação entre os povos, pode restabelecer a paz entre Israel e os seus vizinhos que, tragicamente, se separaram pela guerra.

Será que os analistas da Quadratura do Circulo ou outros retóricos do pensamento correcto já pensaram nisto?!...

Comments:
O que regula a política dos poderosos é o cinismo e a hipocrisia.Veja-se o que acontece em Inglaterra: os aviões com bombas para Israel param nos aeroportos de Inglaterra e diz a Ministra que desconhece tudo!

Eles só têm medo duma coisa: é que a opinião Pública lhes faça perder votos. E é este o nosso trabalho. Não temos outro!
 
No "Público" de hoje pode ainda ler-se que a AL-QAEDA sunita exorta os xiitas à vingança.
Ayman al-Zawahiri diz que vingará as acções israelitas no Líbano e "libertará todos os lugares que foram terra do islão do Al-Andalus ao Iraque".
Como vêm os amigos, há quem queira reconquistar o Al-Andalus para Islão. E então, se eles só sairam dali há pouco mais de quinhentos anos!
O anti-americanismo primário que não nos cegue...
 
Agora faz moda o chavão "anti-americanismo primário". Pessoalmente, sou primário, secundário e terciário contra todo o tipo de guerra e todo o tipo de arrogãncia imperialista.Quero um mundo diferente e tenho esse direito. Ninguém esperaria que a AL-QAEDA se colocass ao lado de Israel. O problema é outro: é saber o que gera al-qaedas! È contra isto que me bato.
 
Só uma coisinha: a boutade “anti-americanismo primário” contém uma armadilha (sofisma) irracional: a de sugerir que quem não está com Bush está contra os americanos. Ora, o próprio Busch nunca teve todo o apoio dos próprios americanos. Inclusivamente, as sondagens já indicam que não está com ele a maioria dos americanos. Além disso, os que se julgam investidos dum papel histórico foram sempre grandes criminosos no seu tempo. Veja o que aconteceu com o papel dos cruzados ou da inquisição?!... Defendiam uma espécie de democracia do tempo (a religião católica apostólica romana) com o poder das armas, sem olhar a consequências. Pensavam que fora da religião (da democracia do tempo), não havia salvação para o mundo. E os terroristas são um sucedâneo dos infiéis. Ora, os problemas do mundo não podem ser resolvidos sem as pessoas que fazem parte do mundo. Aceitar que há estados ou dirigentes políticos eivados duma missão histórica deu sempre maus resultados. Ninguém é descartável na construção do futuro, porque o futuro a todos pertence. E ver os problemas a branco e preto foi sempre o desvario dos diferentes maniqueísmos, religiosos ou políticos.
 
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