sábado, junho 10, 2006

 
A Luís de Camões

Sem lástima e sem ira o tempo arromba
As heróicas espadas. Pobre e triste
À tua pátria nostálgica voltaste,
Ó capitão, para nela morrer
E com ela. No mágico deserto
Tinha-se a flor de Portugal perdido
E o áspero espanhol, antes vencido,
Ameaçava o seu costado aberto.
Quero saber se aquém da ribeira
Última compreendeste humildemente
Que tudo o perdido, o Ocidente
E o Oriente, o aço e a bandeira,
Perduraria (alheio a toda a humana
Mutação) na tua Eneida lusitana.

Jorge Luis Borges
in «O Fazedor». Lisboa, Difel, 1985

SONATINA CAMONIANA
Env.por mail: Amélia Pais

Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?