terça-feira, maio 23, 2006

 

Sob o signo da publicidade

No “Prós e Contras” foi, ontem, debatido o livro de Manuel Maria Carrilho "Sob o Signo da Publicidade" ou, como, enganosamente, é intitulado, “sob o signo da verdade”.

Podemos retirar do debate nove conclusões:

1º.Ficou demonstrado que Manuel Maria Carrilho já tinha usado e abusado das mesmas manipulações de que acusava os jornalistas.

2º.O livro, significativamente com a sua fotografia em grande plano na capa, configura cerca de duas centenas de páginas de propaganda enganosa da justificação de um fracasso.

3º.Utilizando o que em termos retóricos se designa por “lugares do preferível”, procurou o assentimento do auditório do programa, investindo nas acusações directas, de olhos nos olhos, chamando ao jornalista Ricardo Costa estalinista, manipulador e outros mimos. Ele sabe que uma parte do auditório aprecia esse “tópico” da retórica por apelar às emoções fortes, como as da frontalidade e da coragem. Mas esse “truque” só é feito para quem quer fazer espectáculo para enganar. Uma atitude mais cívica e verdadeira exige outra forma de argumentar, sem necessidade de recorrer ao trauliteirismo verbal.

4º.As empresas de comunicação são, no fundo, empresas de publicidade indirecta que servem quem lhes paga.

5º.Ao “fim da história” se junta, hoje, o “fim do jornalismo”. Em lugar de jornalistas, vão proliferando os recadeiros que transportam para os jornais a propaganda de quem melhor lhes paga.

6º.Quanto mais autista é um político, mais precisa de simular pela vitimização, as razões dos seus insucessos.

7º. É num contexto de abaixamento do nível da democracia que a manipulação se foi tornando numa apurada técnica de, subtilmente, fazer aceitar uma mensagem que, de forma aberta, livre e consciente, não seria aceite. As empresas de comunicação e os assessores de imprensa tornaram-se especialistas dessa manipulação.

8º. Esta situação vai descredibilizando os jornais e desprestigiando uma profissão da maior importância para a democracia e os códigos deontológicos parecem não conseguir travar essa degradação.

9º. É necessário estabelecer regras que evitem o monopólio dos meios de informação, desvinculem o Estado das empresas de comunicação social e impeçam profissionais da informação de regressarem directamente aos jornais depois de servirem de assessores a ministros, a autarcas ou a gestores de empresas.

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