sexta-feira, maio 19, 2006

 

Perante o pântano …

CONTO SUFI

Conta-se que um rico mercador, que gostava de organizar competições em casa, que ganhava invariavelmente, deu um dia abrigo a um sábio sufi.
Nesse dia previa-se que chovesse torrencialmente, pelo que o mercador apostou com o sábio uma corrida em que venceria quem chegasse seco à meta.
O anfitrião tomou para si um cavalo muito rápido e deu ao sábio um cavalo muito lento.
No entanto, o sábio nada disse e, rapidamente, verificou que os restantes competidores ganhavam gran­de vantagem sobre si, com o anfitrião à cabeça, perdendo-os rapidamente de vista.
Contudo, quase de imediato, co­meçou a chover intensamente e todos acabaram ensopados, apesar da velo­cidade das suas montadas. O sábio, que havia ficado para trás, tirou todas as roupas quando a chuva começou a cair, dobrou-as cuidadosamente e sentou-se sobre elas.
Quando a chuva cessou, tornou a vestir-se e chegou à meta com­pletamente seco.
O anfitrião da casa, estupefacto, pensou "talvez não tenha chovido em todo lado e, se tivesse fica­do com o cavalo mais lento, talvez tivesse ganho a aposta... Que azar!"
No dia seguinte, como o tempo se mantinha chuvoso, fez-se nova corrida.
Desta vez o anfitrião deu ao sábio o ca­valo mais rápido e ficou ele com o mais lento.
Mal começou a chover, o mercador molhou-se ainda mais que no dia anterior. Por seu lado, o sábio voltou a fazer a mesma coisa e, desta vez, chegou em primeiro lugar, e completamente seco.
Perante a curiosidade de todos os participantes da corrida em saber como conseguira manter-se enxuto, o sábio Sufi explicou: ir depressa ou devagar não era algo que se pudesse controlar, tal como não podia decidir a hora e a quantidade da chuva, mas soubera ver aquilo que estava nas suas capacidades fazer: manter-se seco.

(adaptado por Amélia Pais)

In: Correio da Educação, nº259-ed.Asa

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